Saiba tudo sobre pastagem ecológica e beneficie a sua produção

Saiba tudo sobre pastagem ecológica e beneficie a sua produção

A degradação das áreas de pastagem é frequente e o reflexo é diretamente observado no potencial forrageiro e na produtividade animal. Com efeitos de ajustes, uma estratégia bastante efetiva atualmente em prática é a pastagem ecológica.

O termo pastagem ecológica nos remete a um ambiente favorável, com respeito ao equilíbrio da dinâmica solo – forrageira – animal, levando em conta aspectos sustentáveis que permitem a renovação das áreas, bem como resultados de interesse produtivo.

Esse método utiliza uma série de manejos que otimizam o uso de recursos naturais, valendo-se de uma visão sistêmica agroecológica de respeito aos processos, que propõe a recuperação das paisagens, evitando também propriedades improdutivas.

Quer saber mais sobre esse assunto? Então, continue lendo e confira!

Veja também: Adubação de pastagem: confira como realizá-la corretamente

O que são pastagens ecológicas?

O conceito de pastagem ecológica está associado à biodiversidade de forrageiras e à manutenção do ecossistema, ou seja, preservação da vegetação e arborização regionais.

O termo foi originalmente utilizado para referir-se às áreas de pastagens que, contando com o mínimo de interferência possível – como a aração de solo, desmatamento e utilização de fogo – são capazes de ser mantidas pelo próprio ecossistema natural, incentivando a produtividade mesmo com a presença dos animais.

Segundo dados publicados pela Embrapa, qualquer que seja o pasto, é possível promover a sua conversão em pastagem ecológica em um curto espaço de tempo, tomando como base um bom nível de equilíbrio ecológico.

Vacas em pastejo em áreas com baixa oferta. Estão na foto 4 vacas: uma escura logo à frente, duas de coloração marrom à esquerda e outra predominantemente branca no centro.
De acordo com dados da Embrapa, a conversão em pastagem ecológica de qualidade é um processo rápido e efetivo.

Partindo-se do pressuposto de que o pecuarista também é um semeador de pasto, existem muitas possibilidades de aproveitamento dessas áreas, não sendo necessário simplesmente confiar no trabalho da natureza contra as adversidades do tempo.

Para isso, são considerados alguns fatores como o manejo dos animais, a escolha das melhores espécies e sementes para pasto, bem como o cuidado com o equilíbrio e sustentabilidade da fazenda.

Vantagens da pastagem ecológica para o seu rebanho

O sistema de pastagem ecológica inspira-se no que ocorre normalmente na natureza e, ao contrário do que se observa no pastejo extensionista, proporciona o melhor controle da qualidade nutricional das forrageiras.

Isso se dá, pois, com o manejo em áreas divididas em piquetes, é possível coordenar a oferta da forragem e o ponto de consumo ideal, permitindo também a proteção da compactação do solo e a otimização do microambiente, que conta com adubação orgânica a partir dos dejetos dos animais. Assim, há garantias de um ambiente equilibrado e de maior qualidade.

Com o gado mantido em determinada área por tempo fixo coordenado, é possível garantir que o solo tenha seu período de descanso e de crescimento, favorecendo de forma satisfatória os intervalos e os momentos de consumo.

Dessa forma, a partir da utilização dos recursos e ferramentas certas, pode-se manter esse sistema de manejo a baixos custos, com as vantagens de reduzir a degradação do solo e otimizar o uso das terras.

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Contribuição certa para ecossistemas saudáveis

As pastagens ecológicas são compostas por áreas arborizadas, forrageiras diversas e manejo rotacionado, e excluem a utilização de práticas prejudiciais ao ecossistema natural, como o uso de fogo, defensivos e roçadas sistemáticas. Assim, contribuem para o alcance de um equilíbrio ecológico e evitam a propagação de doenças e microrganismos que inviabilizam a produtividade das forrageiras.

Forrageira vista de maneira muito aproximada. Na foto, apresenta coloração verde com gotículas de água em sua superfície.
A forrageira é um organismo vivo que compõe um ambiente completo e dinâmico. As atitudes de impacto no seu manejo refletem diretamente na qualidade da oferta desse vegetal.

Para que a competição natural com a vegetação nativa não prejudique o desenvolvimento das forrageiras, é importante investir em sua maior variedade, alcançando plantas mais resistentes e com melhor qualidade nutricional aos rebanhos. Além disso, a não utilização de fogo e o rodízio de animais ajudam a garantir a recuperação do local e o desenvolvimento das gramíneas de forma mais satisfatória.

Outro benefício proporcionado pela pastagem ecológica é a formação de mais áreas de sombra e diversidade de pasto, o que favorece o bem-estar animal.

A presença de árvores também melhora significativamente a qualidade do solo, já que as folhas e os galhos que vão se depositando sobre a terra protegem a área contra fatores climáticos.

Nesses termos, cabe destacar que a criação de animais em ecossistemas saudáveis, onde possam produzir leite e carne de forma sustentável, facilita a classificação desses alimentos com selos de qualidade conhecidos como “boi verde” ou mesmo “leite orgânico”. Nesse sentido, a pastagem ecológica também é ideal para quem quer desenvolver uma marca de alimentos de respeito e qualidade e, assim, abocanhar uma fatia considerável no mercado atual.

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Quais os passos para compor a pastagem ecológica?

A partir do respeito aos aspectos que possibilitam um equilíbrio autossustentável às pastagens, tem-se como consequência a produtividade dobrada se comparada aos métodos convencionais ou extrativistas.

Diante desses benefícios, que tal entender como você pode transformar as áreas de pastagem da sua propriedade em pastagem ecológica? Separamos o vídeo abaixo que contempla a mudança de patamar e de realidade produtiva com índices de superação baseados totalmente no manejo para resultar em pastagens ecológicas. Acompanhe:

Fonte: Bruno Carneiro.

O modelo de produção desenvolvido por André Voisin é o que norteia até o momento os produtores que desejam melhores resultados com suas pastagens.

De acordo com ele, o conjunto de piquetes deve ser planejado tendo em vista alguns recursos, como a oferta de água e cercas elétricas, sempre ligados a um corredor que pode ser denominado “piquete especial”, com acesso de todos que compõem o lote à total disponibilidade de sombra, água limpa, sal mineral em cocho e área de descanso.

Nesse modelo, 25m² de alimento/vaca/dia devem ser reservados, com pastejo de 20 horas diárias e acesso ao piquete especial para 4 horas de descanso, preferencialmente nos períodos mais quentes do dia.

Ainda com o propósito de auxiliá-lo nessa transformação, considere as “quatro leis universais” para garantir pastagens ecológicas, sustentáveis e produtivas em qualquer propriedade. A seguir, entenda melhor cada uma.

Lei do repouso

De acordo com Voisin, é necessário que o pasto descanse entre uma pastagem e outra a fim de que seja capaz de reservar em suas raízes os nutrientes necessários para que a planta possa rebrotar novamente de forma saudável. Esse tempo também servirá para que a planta produza mais massa verde, ou seja, cresça ainda mais.

O tempo de repouso varia de acordo com a qualidade do solo, a região, a estação do ano e assim por diante. Os períodos mais curtos variam entre 28 e 35 dias, mas, durante períodos críticos, esse intervalo pode ser superior a 120 dias.

Lei da ocupação

Em geral, uma planta consumida em parte deve descansar antes de novo consumo. Por isso, o período em que os animais ocupam um piquete deve ser curto o suficiente para que a vegetação não sofra novos danos antes do desejado. Isso evita que haja o esgotamento dos brotos e a degradação da área. Portanto, os animais devem permanecer na área por um tempo e, logo depois, ser retirados.

Lei da ajuda

Essa lei diz respeito a atender todas as necessidades e exigências de pasto dos animais. O alimento precisa ter alta qualidade e fornecer todos os nutrientes que o rebanho precisa para se desenvolver. Assim, pastos entre 15 e 22 cm são ideais em termos de altura para que o animal aproveite a máxima quantidade de alto potencial qualitativo das gramíneas.

Se houver um grupo pequeno de animais a ser beneficiado em relação aos demais, permita que eles pastem antes dos outros. Deixe-os por no máximo um dia, e depois coloque o restante do rebanho para pastar na área.

Lei dos rendimentos regulares

A lei dos rendimentos regulares tem como objetivo garantir um padrão de qualidade ao rebanho. Assim, para que o seu rendimento seja sempre parecido, é importante não deixar que os animais permaneçam mais de três dias no mesmo local.

Em aproximadamente um dia ele terá o seu rendimento máximo, alimentando-se da melhor parte do pasto. A partir desse momento dá-se início à raspagem, ou seja, o bovino passa a comer a parte menos nutritiva das gramíneas.

Área de pasto piqueteada com céu azul e nuvens ao fundo.
Áreas piqueteadas são divisões das áreas com dimensionamento planejado e acesso aos corredores com áreas de descanso e disponibilidade de água e minerais à vontade. Foto: Concelina Cássia Leme.

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A pastagem ecológica é uma realidade próxima a você

A promoção de um ambiente com bastante diversidade, sombras e espaços de qualidade para o seu rebanho promovem a produtividade e a qualidade da produção. A pastagem ecológica beneficia e favorece o seu rebanho, além de contribuir para uma cadeia produtiva que respeita o bem-estar animal e os ecossistemas, sem prejuízos à performance de alta capacidade.

Com essas dicas, você está pronto para recuperar as suas áreas degradadas e melhorar consideravelmente a qualidade da pastagem do seu rebanho. E se estiver começando a cuidar do seu pasto agora, essa estratégia também é muito útil para você.

Gostou desse conteúdo? Leia também sobre taxa de desfrute e os principais benefícios à sua propriedade. Boa leitura!

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