Castração de bovinos: confira os principais cuidados

Castração de bovinos: confira os principais cuidados

Procedimento comum na pecuária, a castração de bovinos é uma prática que traz vantagens ao criador, pois há benefícios de acabamento de carcaça, como o aumento da cobertura de gordura com produção de carne de melhor qualidade, além de reduzir a agressividade do animal e comportamentos sexuais indesejados. Entretanto, o animal inteiro pode ter maior produtividade e maior ganho de peso.

De qualquer forma, essa escolha cabe diretamente ao criador que levará em conta a sua realidade e objetivos produtivos, bem como o bem-estar animal e a melhor performance dentro de todo esse contexto.

Como é uma atividade que gera muita discussão – inclusive se deve ou não ser realizada – vamos aprofundar um pouco mais, além de apresentar quais cuidados devem ser tomados caso opte pela castração. Confira!

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Castração de bovinos: vale a pena?

Castrar bovinos é considerada uma prática antiga e difundida em todo o mundo, inclusive há relatos da sua execução desde o século XVI.

Trata-se de um procedimento, na maioria das vezes invasivo, por meio do qual ocorre a remoção completa ou inativação dos testículos dos animais, inibindo a produção de testosterona, hormônio responsável pelas características predominantemente masculinas.

Dentre os principais motivos da castração de bovinos, podemos citar:

  • Maior deposição de gordura na carcaça;
  • Maior valor de venda ao abate, com incentivos governamentais inclusive;
  • Facilita o manejo e aumenta a segurança no trabalho;
  • Previne estereótipos e comportamentos sexuais indesejados nos animais;
  • Diminui a agressividade e comportamentos de dominância;
  • Produção de carcaças com grau mais elevado de maciez;
  • Após o abate, não há desvalorização da carcaça por conta da aparência escurecida;
  • Maior aceitação da carne por parte do mercado consumidor.
Foto aproximada da bolsa escrotal de macho bovino.
A castração consiste em interromper a função reprodutiva do bovino.

Segundo dados de pesquisas realizadas pelo MAPA, não há grandes divergências com relação ao abate de machos (inclusive os inteiros e castrados) e fêmeas, já que depende da fase e demanda do mercado. Assim, embora a qualidade da carne seja diferente, a castração não garante maior ou menor índice de abate.

Por outro lado, certamente animais castrados possibilitam maior facilidade de manejo e menores despesas, já que são mais dóceis e apresentam menor propensão à quebra de cerca, quebra de currais e até acidentes por conta do temperamento mais dominante e agressivo.

Assim sendo, rebanhos castrados tem lados positivos e negativos, cabe a cada criador considerar o que é mais viável em sua propriedade.

Métodos e o momento ideal para castrar seus animais

Além dos métodos tradicionais, ou seja, o cirúrgico e o burdizzo, atualmente existem também a castração química e a imunocastração, que são técnicas alternativas e pouco invasivas, causando menos estresse aos animais.

  1. Imunocastração: Trata-se de uma espécie de vacina que estimula a produção de anticorpos contra o Hormônio Liberador de Gonadotrofina (GnRH), bloqueando temporariamente a produção da testosterona pelas gônadas masculinas. O protocolo mais comum é realizado por meio de duas aplicações e tem curta duração. Por isso, aconselha-se que, ao final de 5 meses, o animal seja destinado ao abate ou seja aplicada uma terceira dose a fim de prolongar o efeito;
  2. Castração química: refere-se à aplicação de solução específica diretamente no parênquima testicular, causando a atrofia dos testículos e tornando-os completamente inférteis;
  3. Burdizzo: conhecida também como técnica do torquês, é realizada por meio da utilização de instrumento para esmagar veias, artérias, canais e ligamentos dos órgãos reprodutivos do animal. Trata-se, portanto, do esmagamento dos cordões espermáticos;
  4. Método Cirúrgico: tecnicamente falando, a orquiectomia consiste na remoção cirúrgica e completa dos testículos e exige maior conhecimento técnico e anatômico, além de ambiente e material previamente esterilizados e de contenção química.

Cuidados preventivos ao castrar os bovinos

A avaliação da necessidade de castração deverá ser planejada pelo pecuarista do início ao fim, colocando na balança seus prós e contras, baseando-se em uma análise criteriosa e na individualidade de cada propriedade e/ou mercado consumidor atendido.

É importante considerar o método de criação do seu rebanho, se são animais a pasto ou confinados, incluindo também as características e singularidades da raça, ou seja, nutrição, idade do abate e a condição sanitária de maneira geral.

Aspectos relacionados ao clima, época do ano, disponibilidade de conhecimento técnico, mão de obra para manejar e até mesmo fatores gerenciais de manejo zootécnico e financeiro vão influenciar na tomada de atitude do criador.

A seguir, confira alguns dos cuidados essenciais com os bovinos:

1. Idade do animal

Não há consenso entre os profissionais da área a respeito do melhor momento para castração. Todas as épocas ou idades de castração apresentam vantagens e desvantagens.

Quando realizada ao nascimento, os custos com a castração são menores, uma vez que o animal possui alimento em abundância e a cicatrização é mais rápida, reduzindo os gastos com medicamentos.

No entanto, a principal desvantagem da castração ocorre nesse momento e consiste na não utilização do efeito anabólico dos hormônios produzidos nos testículos, de forma que ocasiona impactos significativos no crescimento, desenvolvimento e ganho de peso desse animal.

Bezerro da raça Angus ao lado de sua matriz. Os animais são de coloração escura e estão em pasto.
Muitos especialistas defendem que a castração de bovinos deve ser feita ainda na fase mais jovem.

Já no período de desmame, a oferta de alimento é baixa e os custos são um pouco mais elevados, mas o fator de maior desvantagem é a combinação de dois períodos estressantes ao animal: a possível castração e a desmama. Esse pico de estresse contribui para quedas de imunidade e menores condições para o ganho de peso.

Por fim, a castração feita com 12 meses ou mais (após a puberdade), apesar de parecer mais vantajosa devido aos efeitos anabólicos dos hormônios sexuais, apresenta o inconveniente do difícil manejo e do estresse causado ao animal, além dos riscos de hemorragias, infecções e miíases (bicheiras) que podem levar à perdas sérias em nível produtivo e até na condição geral desse bovino.

Sendo assim, cabe ao pecuarista – juntamente com o médico veterinário e zootecnista de sua confiança – decidir o período mais adequado para realizar esse procedimento na sua propriedade, levando em conta todos os aspectos envolvidos.

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2. Escolha do método de castração

A castração pode ser classificada em três grupos principais: castração física, química e hormonal. Veja os detalhes:

  • Castração física: envolve a remoção cirúrgica total ou parcial dos testículos, sendo que, no último caso, apenas o parênquima espermático é removido. No âmbito da castração física, existe a técnica com menor risco de hemorragias e complicações que que ocorre por meio da fixação externa com alicate castrador tipo emasculador;
  • Castração química: utiliza a injeção de agentes tóxicos no parênquima testicular causando danos irreversíveis e levando à perda da função. A castração química exige prazos e habilidades técnicas, levando praticamente o dobro do tempo de cura se comparado à castração física;
  • Castração imunológica: é realizada por meio de vacina específica que, em um primeiro momento, sensibiliza o sistema imunológico do animal e depois induz uma resposta cerebral que bloqueia a produção testicular de testosterona e inativa a fertilidade do animal. É um método temporário.

No vídeo abaixo, confira a explicação de especialistas sobre os métodos de castração e pontos específicos a serem considerados quando optar por um desses métodos:

Fonte: Portal da Pecuária.

A escolha do método mais apropriado está relacionada à realidade individual da propriedade, assim como aos fatores climáticos, como a época sazonal.

Apesar das desvantagens dos métodos cirúrgicos quanto ao processo de cicatrização, bem como com relação à necessidade de precisão técnica e mão de obra especializada, desde que realizados sob condições higiênicas ideais, consistem na forma mais eficiente de castração.

Assim sendo, o processo de castração mais praticado no Brasil continua sendo o físico, com a realização da orquiectomia.

3. Contenção do animal e higienização

O método utilizado para a contenção do animal visa garantir o bem-estar do animal, assegurando que ele não se machuque e minimizando o seu desconforto, além de garantir segurança ao técnico que realizará o procedimento.

Existem as contenções químicas, que utilizam anestésicos, tranquilizantes e sedativos; e as contenções físicas, que utilizam troncos, bretes, cordas, laços ou outros equipamentos disponíveis para este fim.

Para uma contenção física apropriada é preciso conhecimento mínimo do animal a ser contido e do processo que será realizado. Os materiais e estruturas que serão utilizados na contenção de um bovino podem variar, considerando o animal que será contido, o local e a técnica escolhida.

Quanto a higienização, os cuidados com a limpeza e assepsia do local e do animal são os diferenciais entre o sucesso e o fracasso da realização do procedimento.

Confira também: Vacinas obrigatórias para bovinos: calendário e boas práticas de manejo.

Conclusão

Portanto, a castração de bovinos é um método antigo que, apesar de divergências a seu respeito, ainda é muito utilizado e oferece grandes vantagens. Para tanto, deve-se levar em conta os cuidados que citamos acima com o propósito de garantir o bem-estar dos animais e evitar complicações após a sua realização.

Aliás, é de suma importância que tanto a equipe como as pessoas envolvidas nos processos da fazenda tenham conhecimento sobre a castração e as demais atividades relacionadas à pecuária, inclusive quanto a realização dos primeiros socorros em animais na fazenda. Confira nosso post que dá dicas importantes, visando garantir a saúde e a segurança dos seus animais. Boa leitura!

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