Vacinas obrigatórias para bovinos: calendário e boas práticas de manejo

Vacinas obrigatórias para bovinos: calendário e boas práticas de manejo

Vacinas são fármacos que intermediam e estimulam as respostas imunológicas do organismo. Rebanhos que recebem esse tipo de atenção são mais saudáveis e, consequentemente, mais produtivos.

Como se sabe, as vacinas são fundamentais para a manutenção da saúde em qualquer fase da vida. O objetivo principal da vacinação está na prevenção e no cuidado em minimizar os prejuízos econômicos causados pelas patologias.

Para isso, é fundamental garantir a boa aplicação, sempre vacinando em local correto, com a escolha de medicamentos que estejam em plena qualidade de uso. É importante destacar o fato de que, somente a partir desses cuidados, há garantias em torno dos manejos adotados.

Sendo assim, recomenda-se alguns cuidados básicos e a adoção das boas práticas para alcance dos melhores resultados, tanto no planejamento como na execução do manejo profilático ou de administração de vacinas em todos os animais. Por isso, preparamos este artigo para te ajudar nessa missão. Confira!

Boas práticas na vacinação do gado

Por que aderir às boas práticas e realizar um manejo racional, com respeito aos animais? Porque, além de ser mais digno, garante melhores resultados.

Remediar é, com certeza, mais caro do que prevenir. Com isso em mente, saiba que um calendário de vacinação pode ser uma excelente ferramenta em suas mãos. Quando considerar essa questão, é importante saber que o calendário deve ser aplicado de acordo com as necessidades específicas do seu rebanho e, especialmente, da região em que sua propriedade está inserida.

Calendário de vacinação de bovinos

Veja a seguir, a sugestão de calendário de vacinação que elaboramos para auxiliar sua criação:

Sugestão de calendário de vacinação de rebanho bovino com interesse comercial
Oferecer ao rebanho a vacinação correta é uma medida que exige o apoio técnico de um médico veterinário, já que a recomendação vai variar de região para região.

A fim de alcançar os melhores resultados, o calendário de vacinação precisa ser adaptado à sua propriedade, especialmente aos programas reprodutivos, assim como às estações de nascimento.

De fato, aqui cabem algumas ressalvas que merecem detalhamento. A princípio, é preciso determinar as estações reprodutivas, com início em agosto e setembro, programadas para parição ao fim do ano, que começarão entre dezembro e janeiro.

Com isso em mente, vacinas de importância reprodutiva, que têm capacidade de transferir imunidade no colostro, são planejadas no calendário em questão para aplicação nos meses entre junho e agosto.

Para as crias a partir de 3 meses, algumas doses já são recomendadas e, em alguns casos, aplicação de reforço com 30 e 60 dias.

Veja as especificidades para as doenças em questão:

  • Brucelose e Febre Aftosa: ambas as doenças são de grande importância e de notificação obrigatória, já que fazem parte do programa de erradicação do governo federal sob direção do MAPA. Cabe ressaltar que, para brucelose, fêmeas vacinadas serão positivas ao teste. Caso seja necessário transportar e emitir documentação, é fundamental comprovar a imunização, já que animais testados positivos, sem comprovação de vacinação, devem ser abatidos;
  • Clostridioses: trata-se de um grupo importante de intoxicações causadas por bactérias impossíveis de serem erradicadas, portanto, de alta preocupação sanitária, o que inclui o botulismo e o tétano. Recomenda-se vacinação em bezerro de mães não vacinadas a partir de 3 meses, com reforço de 30 e 60 dias. Em caso de mães vacinadas, apenas um reforço com 30 dias. Revacinação anual. Sugere-se vacinar antes do nascimento das crias, a partir do 5°mês de gestação;
  • Carbúnculo Hemático: Trata-se de uma importante zoonose. A transmissão é relativamente simples, inclusive por solo contaminado ou farinha de carne e ossos contaminados. A vacina é altamente eficaz e as fêmeas precisam receber a dose antes da cobertura. Uma dose com reforço em 30 dias e revacinação anual. Importante mencionar que não pode ser aplicada em animais com menos de 4 meses de idade. Na sugestão do calendário, existe uma vacina para os bezerros no início do ano e para a boiada no terço final do ano;
  • Leptospirose: por ser uma zoonose é também uma vacina relevante e está disposta em dois momentos no esquema sugerido, sendo inicialmente para as crias que recebem a primeira dose aos 4 meses, com reforço de 30 dias e para a boiada no terço final do ano. Revacinação anual. Apenas os animais que recebem a primovacinação tem reforço em 30 dias;
  • IBR e BVD: Rinotraqueíte Infecciosa Bovina e Diarréia Viral Bovina são, especialmente, doenças de grande interesse reprodutivo. Podem causar, também, quadros de problemas respiratórios importantes. Dessa forma, a orientação é que seja planejada a vacinação dos animais aptos reprodutivamente. A aplicação deve ser feita com 60 e 30 dias antes das coberturas em animais a partir dos 6 meses. Revacinação anual;
  • Campilobacteriose, Colibacilose, Salmonelose, Coronavirose, Rotavirose: Esse conjunto de doenças é de importância produtiva mas a aplicação fica totalmente a critério do médico veterinário, em conjunto com o pecuarista, e isso está relacionado diretamente com a prevalência dessas doenças na área da criação. O interesse é vacinar as matrizes para que as crias recebam imunidade passiva através do colostro. Recomenda-se vacinar a partir dos 6 meses, com reforço em 30 dias;
  • Raiva: Doença de importância econômica. Trata-se de uma zoonose endêmica e a administração das doses é obrigatória nessas áreas, considerando especialmente a presença dos morcegos que são transmissores da doença, sendo essencial o seu controle. Para os bezerros a partir de 4 meses, recomenda-se a vacinação com reforço de 30 dias. A notificação ao Serviço de Defesa Oficial local é obrigatória. Revacinação anual.

Portanto, a partir das orientações apresentadas, o esquema de vacinação do seu rebanho é particular e está totalmente relacionado à questões especificas da raça e do ambiente em que esse rebanho está inserido.

Completa contenção de bovino que oferece segurança para a aplicação de vacinas
Em um manejo sanitário eficiente e planejado, podem ser aplicadas mais de uma vacina na mesma contenção, ou associar vacinas com controle de parasitas, por exemplo.

Nesse mesmo sentido, é importante considerar o gerenciamento de manejos associado a um plano sanitário, com o cuidado de esquematizar ações que podem ser em conjunto, como por exemplo, vacinação de cunho reprodutivo associado ao esquema de proteção contra parasitas. Associar vacinas na mesma contenção evita preocupação e potencializa os manejos.

Leia também: Papilomatose bovina: a prevenção é o melhor remédio.

Armazenamento correto das vacinas

Por se tratar de uma medicação, é fundamental atentar-se ao prazo de validade. Todos os frascos de vacinas têm essa informação, que é obrigatória. Por isso, caro pecuarista, tenha sempre o cuidado em manter os frascos com o prazo de validade em dia.

Ademais, tenha atenção às condições de armazenamento. Existem vacinas que precisam ficar refrigeradas até o momento da aplicação. É necessário sempre ter o cuidado de observar as recomendações do fabricante. Um exemplo bem conhecido é a vacina contra a febre aftosa, que precisa estar conservada entre 2 e 8°C.

Geladeira dedicada ao armazenamento de fármacos, inclusive vacinas
O correto armazenamento de fármacos e vacinas garante tanto a sua viabilidade quanto a sua durabilidade.

Aplicação correta da vacina

É importante assegurar o manejo racional correto e o mínimo de estresse possível para a realização da vacinação. Quando os animais estão em estresse, o alto cortisol liberado interfere diretamente na resposta imune humoral das vacinas.

A aplicação das vacinas em locais inadequados também resulta em complicações e até mesmo baixa absorção do fármaco. No abate, problemas como abcessos são detectados nesses casos. Situações como essa e até mais complexas podem acontecer em decorrência de vacinas mal aplicadas ou aplicadas com agulhas infectadas, o que ocorre com muita frequência.

Condução de alguns bovinos ao corredor de manejo para correta e segura contenção
Uma apartação respeitosa, planejada e calma, garante animais com menor taxa de estresse, o que resulta em maior eficácia no processo de imunização.

Dessa maneira, recomenda-se substituir as agulhas para uma aplicação segura, a fim de reduzir ao máximo possíveis infecções. O ideal é que sejam feitas substituições, dando preferência sempre às agulhas descartáveis, mas, se optar por agulhas de metal, tenha atenção para que sejam estéreis.

As recomendações principais são: aplicar as vacinas preferencialmente na área do pescoço e sempre levar em conta a área mais limpa. Se for possível, dedique atenção extra à limpeza da região de vacinação no animal. Abscessos causados por higienização incorreta e por aplicação em local inadequado são comuns e trazem grandes prejuízos ao produtor.

Sendo assim, tenha atenção às áreas corretas de aplicação no animal, tendo em vista que uma vacinação mal sucedida resultará em impactos negativos para seu rebanho. Observe a imagem abaixo que mostra o local correto de vacinação:

Infográfico com delimitação da melhor área de aplicação
A região da barbela e do pescoço é a mais indicada para as aplicações subcutâneas (SC) e/ou intramusculares (IM). Aplicações na traseira e no cupim trazem prejuízos à qualidade da carne.

Veja também: Verminose: 4 dicas para identificação e prevenção.

Prevenção é o melhor remédio!

A prevenção entra em todo manejo como uma medida para minimizar qualquer ônus do dia a dia no cuidado com os animais. Trata-se, portanto, de uma atitude eficaz e requer o devido preparo para que seja de fato produtiva.

Portanto, listamos 5 dicas práticas para ter sucesso na prevenção:

  1. Leia o rótulo das vacinas: isso vai te trazer informações tanto sobre a forma de armazenar e transportar o fármaco em questão, como também sobre às datas de validade;
  2. Estabeleça um controle interno baseado nas datas de validade e na previsão de aplicação das vacinas, de acordo com seu calendário de vacinação;
  3. Conserve os medicamentos em temperatura ideal. Dê preferência para uma geladeira específica com termômetro para controle exato. Oscilações de temperatura comprometem a ação da imunidade ativa;
  4. Tenha equipamentos de vacinação em ótimas condições de uso, limpos e testados, a fim de serem, na prática, fiéis à dosagem programada para a categoria a ser vacinada;
  5. O manejo racional com respeito aos animais vai interferir diretamente nos resultados desejados. Como já mencionamos, o estresse atua diretamente na liberação do cortisol, que inibe a atuação direta do sistema imune. Sendo assim, é fundamental viabilizar o menor estresse possível. Animais menos estressados também são mais fáceis de conter, o que reflete inclusive, em menor índice de acidentes.

Portanto, vacinação mais tranquila, com animais menos estressados e aplicação no local correto, contribui com a melhor imunização de todos os animais!

E então, esse artigo foi útil para você? Aproveite e acesse também o nosso post sobre como proteger o rebanho de agentes externos. Boa leitura!

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