Atualmente, as criações de gado no Brasil são majoritariamente extensivas, ligando-se diretamente ao uso de áreas de pasto para manter o ciclo produtivo. Essas áreas exigem cuidados e investimentos para atender a necessidade nutricional particular de cada animal. Nesse contexto, as leguminosas são alimentos ricos em nutrientes que podem oferecer vantagens quando ofertadas ao rebanho bovino.
Sendo assim, neste artigo trataremos das principais opções de leguminosas forrageiras, como utilizá-las para alimentar os ruminantes e qual a sua importância no fluxo produtivo. Confira na íntegra e entenda mais.
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Criação de rebanhos bovinos em sistemas de pastagens
O Brasil possui ampla área disponível para cultivos e criações, sendo conhecido, inclusive, como celeiro do mundo. Com 8.516.000 km², conta com extensa área de produção e é referência quando se trata de prover alimento ao mundo.
A bovinocultura, especialmente de corte, é uma atividade pioneira que vem há muitos anos sendo considerada como um investimento de baixo risco. Grandes rebanhos vivem em vastas áreas e se desenvolvem, muitas vezes, com baixo grau de intervenção científico-tecnológico.
A consequência principal desse cenário de manejo extrativista é a geração de áreas de pastejo seriamente degradadas ou em processo de degradação, refletindo na defasagem nutricional dos animais.
De acordo com o Projeto MapBiomas, 154 milhões de hectares brasileiros são destinados à pastagem. Dessa forma, “assegurar a qualidade das pastagens é uma estratégia para o produtor e para o país, seja ela pela relação direta com a produtividade dos rebanhos ou devido à sua melhor capacidade em capturar carbono”, esclarece Laerte Ferreira, professor e pró-reitor de Pós-Graduação (PRPG) da Universidade Federal de Goiás e coordenador do levantamento de pastagens do MapBiomas.
Considerando esses detalhes, as leguminosas, que têm como característica principal a produção de sementes em sua parte exterior (as vagens), apresentam vantagens e são ótimos recursos para minimizar os reflexos diretos e indiretos que surgem com as pastagens, conforme já mencionado.
Dentre as suas vantagens, está a fixação biológica de nitrogênio e teores de proteína bruta que alcançam taxas em torno de 16 a 20%. Esse é um diferencial que somente as leguminosas apresentam, o que significa que, além de promover uma dieta rica aos ruminantes, também gera expressiva melhora na composição do solo, auxiliando na recuperação de áreas degradadas.
Quais são as principais opções de leguminosas forrageiras?
O uso de leguminosas na alimentação dos rebanhos ainda é baixo frente às possibilidades de incremento que essas culturas podem representar. O seu uso constitui uma ótima estratégia para colaborar com o desempenho produtivo e, até mesmo, estimular a expressão do potencial genético dos animais.
Ainda que o seu plantio seja similar ao das demais forrageiras, é fundamental que exista um planejamento para a sua implantação, levando em conta o investimento inicial e o risco de baixo resultado, estabelecendo manejo consorciado.
Com um custo relativamente baixo, especialmente ao considerar o ganho de peso do gado (cerca de 329 kg/ha/ano), essas plantas contribuem de modo efetivo para a dieta dos animais, além de proporcionar maior qualidade e fertilidade ao solo.
Confira a seguir algumas das principais espécies de leguminosas forrageiras, com boa resposta produtiva.
Amendoim-forrageiro (Arachis pintoi)
Trata-se de uma espécie nativa do Cerrado do Brasil, que apresenta uma capacidade significativa de fixação de nitrogênio e tolerância ao sombreamento. Possui grande facilidade de adaptação, principalmente nos solos com pouca fertilidade ou com acidez, além de proporcionar uma boa produção de forragem.
Feijão-guandu (Cajanus cajan)
Bastante benéfica ao solo, servindo de adubo verde, essa espécie também é conhecida por outros diversos nomes: ervilha-de-angola, ervilha-do-congo, feijão-de-árvore, dentre outros. Apresenta porte arbustivo, com altura que pode atingir até 3,5 metros, com folhas aveludadas.
Estilosante (Stylosanthes spp.)
Essa espécie é encontrada com facilidade em países tropicais, embora a sua origem seja no Brasil Central. É uma planta resistente, com elevada taxa de proteínas e apresenta alta tolerância e desempenho em solos com baixa fertilidade e acidez demasiada, permanecendo verde mesmo em períodos de seca.
Puerária (Pueraria phaseoloides)
Pertencente à família das ervilhas, essa espécie tem origem asiática, mais especificamente na Malásia e Indonésia. É uma planta de fácil adaptação e tolerância a solos úmidos e ácidos, além de ser também utilizada como adubo verde devido aos seus nutrientes e no controle de erosões.
Leucena (Leucaena leucocephala)
Nativa da América Central, a leucena é altamente resistente a períodos de seca e, por essa razão, amplamente utilizada na alimentação de animais em solo brasileiro. Mantendo-se verde nessas ocasiões, a planta apresenta folhas e ramos nutritivos, oferecendo, portanto, uma boa alimentação aos animais.
Leguminosas como principal escolha
Visando maior potencial produtivo do solo, a implantação de leguminosas nas pastagens consiste em uma excelente opção.
O consumo e o interesse dos animais pelas leguminosas é uma realidade e não há necessidade de se preocupar com a oferta. No entanto, faz-se necessário estabelecer um balanceamento da dieta, a fim de proporcionar níveis adequados de proteína bruta e fibras ao rebanho.
Os consórcios de gramíneas com leguminosas são uma estratégia viável e têm efeitos bastante positivos, de maneira geral. Pode-se optar por leguminosas mais resistentes – como a estilosante – para períodos de seca e, nas épocas de estiagem e de oferta de matéria verde, pode-se utilizar o amendoim-forrageiro e a leucena como opções.
Portanto, o manejo nutricional de áreas para a pecuária agregando leguminosas é, sem dúvida, uma opção muito interessante que deve ser considerada pelos produtores. É importante que haja o acompanhamento por técnicos especialistas desde o seu plano inicial até a execução final.
E então, gostou deste artigo? Aproveite e acesse também o nosso post sobre utilização da palma forrageira na alimentação bovina. Boa leitura!