Papeira nas suas ovelhas? Conheça melhor esse sintoma

Papeira nas suas ovelhas? Conheça melhor esse sintoma

Quase todos os produtores de ovinos já se depararam com a chamada papeira – ou papada – uma espécie de inchaço na região do queixo da ovelha.

Relativamente comum ao rebanho de ovinos, nada mais é do que um sinal clínico de que algo não vai bem com o animal. Nesses casos, é fundamental voltar a atenção para esse indivíduo, uma vez que, quando esse sintoma fica evidente, com certeza o comprometimento da saúde já está estabelecido.

Partindo dessa premissa, dentre as principais complicações observadas em ovinos, as infestações de endoparasitas, popularmente chamadas de verminoses, são de grande preocupação, já que esses animais são conhecidos por apresentarem maior resistência aos princípios ativos dos vermífugos. Além disso, é importante ressaltar que as ovelhas mais jovens são mais vulneráveis, muito embora as adultas também sejam bastante suscetíveis.

Assim, essa alta infestação de vermes ou helmintos causa não só a papeira, mas também prejuízos significativos, especialmente para o bolso e a produção do criador.

Pensando nisso, existe uma série de ações que colaboram para que os seus animais não sofram perdas expressivas, recorrendo-se à prevenção e ao tratamento. Quer saber mais? Então acompanhe a leitura na íntegra deste artigo.

Como identificar verminoses em ovinos?

Primeiramente, deve-se observar os sintomas que a verminose causa, como: cansaço, mucosas brancas ou pálidas, caracterizando o quadro anêmico, falta de apetite, inapetência e diarreia. Em caso de repetição desse quadro no seu rebanho, o sinal de alerta é instalado automaticamente. Mas por quê?

Isso porque as ovelhas infestadas e já com sinais clínicos, além de precisarem de cuidados imediatos, também são responsáveis por disseminar a contaminação, levando grande preocupação aos criadores.

Mas, afinal de contas, por que papeira? A sintomatologia da doença tem esse nome devido ao edema ou acúmulo de líquido que surge na parte inferior da mandíbula dos ovinos, facilmente identificada pelo inchaço próximo ao queixo. Por outro lado, quando se chega a esse estado, isso significa que a verminose já evoluiu bastante.

Para identificar um quadro inicial, observe os sintomas:

  • Pelos arrepiados;
  • Diarreia;
  • Apatia e prostração;
  • Desinteresse total em se alimentar;
  • Emagrecimento progressivo;
  • Evolução para a papeira, podendo levar à morte.

Outra dica para identificar a verminose na sua criação, é verificar se mais de uma ovelha do rebanho está apresentando os sinais citados. Já que a infestação é relativamente rápida, assim como a contaminação, com certeza mais animais apresentarão os sintomas.

Veja o vídeo abaixo para entender melhor e identificar se esse problema existe na sua propriedade:

Fonte: Portal Capril Virtual. Globo Rural – Globoplay.

Leia também: Alimentação de ovinos na região Nordeste.

Qual o principal verme causador da papeira?

Conhecido como o principal verme a gerar perigo aos ruminantes, o Haemonchus contortus é um helminto nematódeo que parasita, desenvolve e se reproduz, especialmente, no abomaso. Essa espécie de parasita é hematófago, ou seja, alimenta-se do sangue do hospedeiro. Assim, a depender do grau de perda de sangue da ovelha, corre-se o risco de evoluir rapidamente para anemia aguda, levando, inclusive, ao comprometimento da vida do ovino.

De acordo com a Circular Técnica nº 52 da Embrapa, indivíduos com infestação de aproximadamente 2.000 helmintos chegam a perder cerca de 100ml/dia de sangue. Considerando que as fêmeas podem colocar de 5.000 a 10.000 ovos por dia, a infestação é rápida e de extremo risco.

Dessa forma, quando a ovelha tem grande quantidade de parasita consumindo o seu sangue de forma aguda, resulta-se em um quadro de edema submandibular por conta da hipoalbuminemia, ou seja, baixa concentração de albumina no corpo.

Tecnicamente falando, os quadros anêmicos levam à deficiência de proteínas plasmáticas e extravasamento do líquido adjacente, que se acumula tanto na mandíbula quanto no ventre dos animais. Assim, é fácil identificar a papeira ou barriga d’agua apenas com o olhar atento.

Perfil direito de ovelha jovem com inchaço na mandíbula, a chamada papeira
Animais jovens são mais suscetíveis à complicações. Atenção redobrada e cuidados preventivos são as melhores estratégias.

Como prevenir ou controlar a verminose

A prevenção da doença é a ação mais indicada para que não haja prejuízo com mortes no rebanho, evitando impactos econômicos para o produtor.

Para tanto, existe um método chamado Famacha, que consiste em observar e identificar a verminose nos ovinos precocemente. Trata-se de expor a conjuntiva pressionando a pálpebra superior e abaixando a inferior. Essa técnica visa identificar animais já infestados e instituir a sua apartação para que o tratamento seja iniciado o quanto antes. Dessa forma, racionaliza-se tanto o manejo, quanto os gastos de forma geral.

Além desse método, existem algumas sugestões interessantes:

  • Rotação das pastagens: uma vez que o animal infectado contamina o ambiente em que vive, é importante garantir o menor comprometimento nesse sentido;
  • Alternar os animais em diferentes piquetes, trocando, no máximo, a cada 12 dias, com 35 dias de descanso;
  • Apartar as ovelhas em tratamento com anti-helmínticos;
  • Exames regulares, como o OPG (ovos por grama de fezes), são uma solução importante, considerando que a identificação dos ovos nas fezes é também uma ferramenta de prevenção;
  • Vermifugações aleatórias, ajudando a evitar o aparecimento de vermes;
  • Estabelecer calendário de controle de parasitas associado ao calendário de vacinação, com ajuda técnica especializada.
À frente, ovelha pastando em campo aberto. Ao fundo, outras duas ovelhas.
A infestação em ovelhas leva à contaminação do ambiente. Por isso, o criador deve tomar medidas de controle das áreas, estabelecendo manejo rotativo e racional.

Inquestionavelmente, a prevenção é uma das melhores alternativas aos produtores que querem evitar problemas, como a perda de animais. É preciso investir tempo e recursos no manejo ajustado dos ovinos, visando manter a saúde do rebanho e produzir resultados.

Saiba como tratar a papeira em ovinos

Uma vez observada a papeira, seja em um ou mais animais, é preciso estabelecer um tratamento. A indicação, nesse caso, é o trato com medicamentos específicos. Com a realização de exames, como OPG e hematócrito, de forma contínua, é possível definir o melhor fármaco e acompanhar a evolução do quadro.

Nesse caso, dê atenção especial à condição geral desse ovino, oferecendo água e alimento de qualidade, além de acesso à ambientes que tenham controle de parasitas. Tudo isso vai contribuir imensamente para a melhora na saúde das ovelhas.

Outra opção interessante de tratamento é a possibilidade de administrar medicamentos na ração ou por meio de suplementação. Obviamente, isso serve apenas para os animais que forem diagnosticados.

Ressaltamos, porém, que o uso indiscriminado de princípios ativos ou os chamados anti-helmínticos, pode ser prejudicial e causar resistência, levando à sua ineficiência ao longo do tempo. Sendo assim, recomenda-se que os manejos preventivos associados ao calendário de vermifugação sejam acompanhados pelo médico veterinário.

Além do uso de remédios e do controle do ambiente, é preciso se manter atualizado com informações sobre o assunto para que as ações de prevenção sejam constantemente realizadas.

À frente, pessoa segurando ovelha para aplicação de medicamento. Ao fundo, pessoa com jaleco branco prostrada, segurando seringa com conteúdo de cor vermelha
Acompanhar os ovinos de perto é fundamental. Com cuidados adequados e apoio técnico, os resultados serão perceptíveis.

Em síntese, para evitar que o seu ovino desenvolva a papeira, fique atento ao comportamento do rebanho e realize os exames de rotina. Lembre-se que o olho do criador é o que garante o resultado produtivo e o retorno financeiro da produção.

E então, esse artigo foi útil para você? Aproveite e acesse também o nosso post sobre como proteger o rebanho de agentes externos. Boa leitura!

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