Em notícia publicada em abril, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) anunciou a inversão nas etapas de vacinação contra febre aftosa em dez estados, neste ano de 2022. E agora, caro pecuarista, como isso afeta você?
Segundo o Mapa, essa mudança foi necessária para garantir a oferta de vacinas nas etapas de 2022, visando manter os índices vacinais satisfatórios e a imunidade do rebanho brasileiro, evitando prejuízos à certificação de país livre com vacinação.
Entenda como a febre aftosa afeta sua produção e a importância financeira por trás do esquema de vacinação. Confira na íntegra a seguir!
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Porque vacinar contra febre aftosa?
Com toda a certeza você conhece ou já ouviu falar da febre aftosa, que é causada por um vírus altamente contagioso, da família Picornaviridae, gênero Aphthovirus.
Conforme o próprio nome sugere, trata-se de uma infecção que vai desencadear febre e rápida queda produtiva, assim como vesículas ou aftas, que, ao estourar, causam desprendimento do epitélio, liberando um líquido que contém alta concentração do vírus.
E quais espécies podem se contaminar com a febre aftosa? Todas as espécies que possuem casco fendido, como bovinos, bubalinos, caprinos, ovinos e suínos.
Trata-se de uma doença altamente transmissível, inclusive pelo vento, roupas, ferramentas, utensílios e alimentos. Assim, o cuidado preventivo é fundamental.
Veja, no vídeo abaixo, mais detalhes sobre a febre aftosa:
A vacinação contra a febre aftosa faz parte de um calendário que o Mapa faz questão de conduzir a fim de garantir território livre da doença.
O próprio Mapa estabelece os períodos de vacinação, bem como disponibiliza conhecimento acerca do manejo correto a ser adotado nesse protocolo preventivo, o que tem refletido em resultados significativos, não só a nível produtivo, mas também no que se refere ao impacto econômico em uma nação que tem bases fortes na pecuária.
Praticar esse esquema de vacinação na sua propriedade traz benefícios envolvidos não só a nível de cuidado e respeito com os animais, mas também na questão econômica e de venda dos seus produtos.
Consequências do esquema de vacinação
A febre aftosa tem seu controle marcado através da vacinação em massa dos rebanhos de gado que compõem a cadeia de produção do nosso país.
Com a adoção do calendário de vacinação estabelecido no Brasil, a participação social e especialmente dos pecuaristas de pequeno a médio porte é decisiva e fortalece programas como o Programa Estadual de Erradicação da Febre Aftosa (PEEFA), que se destina ao estado de São Paulo.
Os resultados já são observados, de forma que 6 estados estão sendo considerados oficialmente livres da doença, de acordo com a Organização Mundial de Sanidade Animal, o que garante acesso a mercados mais exigentes, e assim, maior valorização dos produtos oriundos da nossa cadeia produtiva.
Convém lembrar que em todos os anos a vacinação deve ocorrer em duas etapas, nos meses de maio e novembro, sendo inicialmente a vacinação para os rebanhos de bovinos e bubalinos de todas as idades e em novembro apenas para os animais que estejam entre 0 e 24 meses.
Falando ainda do ano de 2021, marcado por uma pandemia global com efeitos em cascata, a segunda fase de vacinação precisou de ajustes e teve que ser estendida. Com isso, alguns planejamentos produtivos podem ter sido prejudicados.
Dessa forma, com o intuito de diminuir o impacto nos planejamentos das propriedades, nada melhor do que a inversão das etapas, ou seja, em 2022, a primeira categoria a ser vacinada será de bovinos e bubalinos de 0 a 24 meses de idade em dez estados, sendo eles: Bahia, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Sergipe, São Paulo, Tocantins e Distrito Federal.
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Impactos diretos aos pecuaristas
É fundamental que você tenha em mente que realizar vacinações dentro do esquema proposto de controle da febre aftosa em nosso país impacta positivamente seu rebanho e seu produto final.
Além disso, é imprescindível tomar alguns cuidados:
- adquirir vacinas de locais credenciados e mantê-las refrigeradas em local apropriado, desde o transporte até o momento da aplicação;
- ter cuidado com a contenção correta e o local de aplicação;
- utilizar e trocar as agulhas após 10 aplicações, sendo 2 ml por animal;
- sempre que recarregar a pistola troque a agulha e mantenha a atenção para utilizar agulhas intactas, evitando formações de abcessos, que causam prejuízos.
A notificação ao Mapa da vacinação completa de todo o rebanho que se enquadre na fase vigente, junto com a declaração do rebanho existente na propriedade (incluindo equinos, suínos, ovinos, caprinos e aves) é compulsória.
Mas mais importante que isso, com certeza, é entender que “a vacinação é obrigatória e ainda é necessária para garantir o status de país livre da febre aftosa. Os produtores que não vacinarem seus animais e não declararem seu rebanho ficam impedidos de transitar seus animais e de comercializar os produtos obtidos da sua criação”, segundo a coordenadora do Programa de Controle e Erradicação da Febre Aftosa da Seagri-DF, Priscilla Pereira.
Então, caro pecuarista, vacinar seus animais contra a febre aftosa é muito importante, não só por ser uma medida de prevenção ideal, mas também devido ao fato de ser uma medida obrigatória de acordo com o governo e o Mapa, cabendo inclusive fiscalização da defesa agropecuária.
Sem essa medida, seja no calendário normal, ou com particularidades, como é o caso de 2022, o trânsito de seus animais é inviabilizado, sua comercialização ao fim da cadeia produtiva se torna ilegal e não permitida não só a nível nacional, como também nos mercados exteriores.
E então, esse artigo foi útil para você? Aproveite e acesse nosso post sobre papilomatose bovina. Boa leitura!