Manejo reprodutivo do gado leiteiro: 3 dicas especiais!

Manejo reprodutivo do gado leiteiro: 3 dicas especiais!

Um manejo reprodutivo bem conduzido é aquele que sabe que quanto mais eficiente a produção se torna, mais exigidos são os parâmetros de fertilidade. Assim, conhecer alguns aspectos te capacita a agir da forma correta.

Vamos, portanto, a esses aspectos: afinal, de onde partir para melhorar o manejo reprodutivo do rebanho? Quais as principais características a respeito do manejo reprodutivo das vacas leiteiras? O que considerar em uma escala de importância?

Confira a leitura na íntegra do texto a seguir e entenda mais!

Manejo reprodutivo: o que é e como se relaciona com os resultados?

O manejo reprodutivo se trata da adoção de um plano para condução das vacas visando a otimização da reprodução, isto é, a expressão do melhor no que se refere a dar crias. Como conduzir esse plano, é o grande desafio na propriedade!

De acordo com resultados observados em manejos reprodutivos bem conduzidos na cadeia de produção de leite, considere o ideal:

  • Intervalo entre partos de 365 a 395 dias (12 a 14 meses);
  • Novilhas entrando para o manejo reprodutivo com 13 a 15 meses;
  • Primeiro parto aos 24 meses;
  • Persistência de lactação em 10 meses;
  • Cerca de 80% do rebanho em lactação frequente;
  • Identificação do estro 30 dias após o parto;
  • Períodos de serviço entre 85 a 115 dias;
  • Índice almejado a partir de 35% de taxa de prenhez;
  • Condições de planejamento para o nascimento dos bezerros (as);
  • Acompanhamento da saúde produtiva do rebanho;
  • Controle e provisionamento financeiro relacionado com a venda dos produtos.
Pecuarista realizando escrituração do rebanho, etapa fundamental para o manejo reprodutivo
A escrituração do rebanho e anotação de dados zootécnicos é fundamental para execução do manejo produtivo, que está diretamente relacionado à reprodução do gado de leite.

Principais características que envolvem o manejo reprodutivo

Você, produtor, que deseja ajustar o manejo reprodutivo em cadeia, deve dar atenção a essas três dicas especiais:

  1. Manejo voltado para precocidade e parto saudável;
  2. Manejo e acompanhamento no pós parto e novo ciclo (nova gestação);
  3. Particularidades e casos de anestro.

A seguir, vamos detalhar cada um desses pontos:

1. Manejo reprodutivo voltado para precocidade e parto saudável

Raças europeias são mais precoces que as zebuínas. Para resultados satisfatórios, as novilhas que entram nos protocolos reprodutivos antecipadamente garantem maior índice produtivo, e assim, mantém o ciclo de reprodução saudável. Portanto, é imprescindível que a atenção do produtor esteja voltada para a fase de cria, já que as bezerras são o futuro da lactação.

Jarra e copo de leite com vacas leiteiras no pasto ao fundo
O potencial genético oferece resultados, porém, atender as necessidades e conduzir o rebanho com um plano de manejo é fundamental.

Mas, afinal de contas, quanto tempo a bezerra leva pra ser considerada novilha?

Novilha é uma categoria que se relaciona muito mais com a idade fisiológica do que com a idade cronológica, isto é, depende muito mais do tempo que leva para o animal atingir certo peso do que com o tempo decorrido desde o seu nascimento. Dessa forma, a nutrição será fundamental para categorizar essa fêmea.

Primeiramente, considera-se bezerras as fêmeas que estejam entre a fase de desmama e primeiro estro. Nessa categoria ocorre maior desenvolvimento dos ossos e proteínas, com menor deposição de gordura.

Conforme essa bezerra tem seu crescimento completo – o que acontece em média aos 14 meses de idade – essa relação será inversamente proporcional, ou seja, haverá maior deposição de gordura, e, naturalmente, a alteração corporal e hormonal será muito significativa. Com isso, passa a ser fundamental que a quantidade de alimento seja fracionada e acompanhada.

Então, trabalhar a precocidade se baseia no estímulo de ganho de peso diário visando alcançar o tamanho e peso ideal, o que vai variar de acordo com a genética dessa novilha. Temos uma variação de acordo com a raça, mas em média, o peso vivo ideal para primeiro estro está em torno de 300 kg.

Trabalhador fornecendo alimento para vacas leiteiras, cumprindo o manejo reprodutivo
Para as vacas holandesas, o peso corpóreo considerado ideal para início do manejo reprodutivo é de 340kg.

Com relação a partos saudáveis, é necessária a dedicação com essa mesma questão nutricional.

Vacas magras ao parir geram filhotes leves e com maior chance de mortalidade no aleitamento, o que prejudica o pico de lactação, além de ter maior período para recuperação do peso e demonstração de novo cio.

Portanto, acompanhar o escore corporal e oferecer nutrição balanceada, com oferta de proteínas, fibras e minerais na proporção ideal é fundamental.

A relação também é direta com o conforto e o bem estar, uma vez que animais em plenas condições (sombra, água limpa, bem alimentadas e com saúde dos cascos e tetos) terão menos estresse, e isso influencia diretamente na produção de leite, no desenvolvimento gestacional, na ovulação e na manifestação de comportamento estral.

Leia também: Silagem como opção de suplemento volumoso.

2. Manejo e acompanhamento no pós parto e novo ciclo (nova gestação)

Considerando que seu plano reprodutivo tenha sido eficaz, é preciso ter o cuidado de organizar a previsão de nascimentos, para que seja possível realizar a apartação das gestantes e haja o escalonamento de partos, garantindo que cada vaca e filhote tenha o acompanhamento profissional necessário.

Para isso, realiza-se o diagnóstico de gestação (DG). Com ele, determina-se a época de nascimentos, além de visualização das possíveis intercorrências no trato reprodutivo. Ademais, é possível determinar o sexo fetal.

Exame ginecológico em vaca leiteira, muito importante no manejo reprodutivo
Os exames ginecológicos verificam atividade ovariana, formação de corpo lúteo, além de acompanhar a evolução de técnicas como a inseminação artificial, saúde reprodutiva e DG.

Uma vez já determinada a data provável de parto (DPP), as matrizes devem parar a lactação com cerca de 60 dias de antecedência. Esse procedimento se baseia em oferecer condições especiais para a recuperação da glândula mamária e para o aporte nutricional que a gestação demanda.

Por volta do 7° mês de gestação, ou 60 dias pré parto, confirmada a ausência de mastite, através de terapia medicamentosa é feita a secagem do leite, e nenhuma ordenha a mais! O organismo absorve o resquício de leite e após 2 semanas já é possível se dedicar à nutrição específica voltada para o pré parto.

Uma vez parida, essa vaca precisa se preparar para a nova fase gestacional, o que exige estratégia. Existe um período necessário, conhecido como período voluntário de espera que abrange cerca de 45 a 50 dias, e é fundamental para que o organismo da vaca se prepare para a nova gestação, onde ocorre inclusive a involução uterina e o rearranjo físico e hormonal.

Naturalmente, os hormônios da lactação vão desequilibrar essa fêmea, e toda a atenção dela será voltada para a maior produção de leite, habilidade materna e cuidados com o bezerro recém parido. Porém, o ideal é um período de transição de até 115 dias, o que se traduz entre o parto e a nova concepção.

Vaca recém parida e filhote da raça holandesa saudáveis, seguindo manejo reprodutivo
A vaca recém parida é o objetivo final de qualquer manejo reprodutivo bem conduzido, garantindo picos de lactação.

É preferível então, a detecção do estro por volta dos 30 dias após o parto. Se houver atrasos nesse aspecto, será devido a baixa ingestão ou a perda de condição corporal no pós parto, além de exigências altas por conta da lactação.

3. Particularidades e casos de anestro

O princípio mais fácil de observar e de ajustar será a taxa de intervalos entre os partos. O ideal é estar entre 12 e 14 meses, assim, o período de serviço deve ser o menor possível, o que exige confirmação de estro cerca de 30 dias após o parto. A observação e detecção de cio é indispensável nessa fase.

Casos de partos muito difíceis, retenção de placenta, presença de secreção diferente após 15 dias do parto, anestro (ausência de cio) em 50 dias pós-parto, nenhuma concepção com retorno ao cio após três serviços, aborto, comportamento e/ou intervalo anormal entre cios, devem ser acompanhados bem de perto, considerando o descarte dessa matriz no plantel produtivo.

O anestro é a dormência reprodutiva considerada normal na gestação e pós parto imediato. Já no que se refere a esse estado prolongado, os prejuízos são importantes e destacados. A vaca que não demonstra cio representa prejuízo produtivo e econômico, uma vez que a cadeia produtiva precisa ser alimentada como uma engrenagem.

Vaca cuidando do filhote no pasto
Sendo um ciclo perfeito, as vacas após a parição exigem cuidados, assim como as bezerras, que serão as futuras matrizes.

Veja também: Verminose: 4 dicas para identificação e prevenção.

Aplique uma escala de importância

Então, temos aqui descritas 3 dicas especiais para seu manejo reprodutivo ideal. Assim, é importante destacar a necessidade do comprometimento e determinação, sabendo que muitos fatores estão envolvidos para o sucesso de todo o processo.

Pirâmide de importância no manejo reprodutivo
Considere: manejo (que vai envolver o plano que você pratica e o ambiente que oferece), nutrição e genética.

Conclusão: quanto mais você buscar conhecimento e traçar um plano reprodutivo apropriado e personalizado com ajuda técnica, maior a chance do seu plantel proporcionar bons resultados financeiros e produtivos em sua propriedade.

E então, esse artigo foi útil para você? Aproveite e acesse também nosso post sobre diferentes métodos de reprodução. Boa leitura!

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