Vacinas para suínos: conheça as principais e os cuidados necessários

Vacinas para suínos: conheça as principais e os cuidados necessários

Você sabe qual a importância de conhecer as principais vacinas para suínos? Devido ao crescimento do interesse pela suinocultura ao longo da história, a carne suína conquistou o seu lugar como fonte de proteína nobre no mercado.

Atualmente, a produção brasileira de carne de porco tem ganhado destaque, compondo tanto o mercado interno quanto o mercado externo. De acordo com o site americano National Pork Board, o consumo de carne suína representa cerca de 40% do consumo mundial de carnes.

Ocupando o 4° lugar no ranking mundial de suinocultura, O Brasil fica atrás apenas da China, Reino Unido e Estados Unidos. A estimativa, de acordo com dados publicados, é de que em 2022 a produção brasileira alcance 5,1 milhões de toneladas de suínos abatidos.

Diante dessa realidade, as questões sanitárias, de biossegurança e de profilaxia nas criações são de profundo interesse do criador, especialmente nas áreas industrial e comercial. Aliada à melhor execução dos tratos com os animais, a imunização é importantíssima para evitar maiores complicações.

Assim, nesse post, vamos abordar quais as principais vacinas e recomendações para suínos, assim como os cuidados que devem ser tomados. Acompanhe na íntegra e entenda mais sobre o assunto.

Por que vacinar os suínos?

Como em qualquer criação, a recomendação de vacinar os animais está relacionada com a prevenção e controle dos quadros de patologias, sendo indiferente o seu agente causador. Em outras palavras, trata-se de uma exposição controlada do indivíduo ou do plantel ao agente infectante.

O objetivo da vacinação é reduzir ao máximo o uso de terapêutica medicamentosa que, além de representar maior custo na produção, também pode inviabilizar a comercialização ao comprometer a segurança do produto de origem animal.

Pessoa de traje azul e luvas manuseando seringa para a administração de ferro em leitão contido de maneira correta.
Administrar ferro em leitões, por exemplo, é uma recomendação que gera estresse e investimentos por parte do criador. A vacinação também evita gastos com medicamentos que podem ser evitados.

Para estabelecer um programa de vacinação ideal para a sua criação de suínos é essencial avaliar os seguintes aspectos:

  • Investimento no processo de vacinação, considerando mão de obra, agulhas e seringas;
  • Custo da vacina e apresentação comercial, levando em conta a dosagem recomendada e a quantidade de suínos a serem vacinados;
  • Ter em mente que em casos de surto das doenças de alto risco, as perdas de animais e os danos econômicos podem ser catastróficos.

Além disso, é importante ressaltar que a vacinação gera impactos positivos na suinocultura:

  • Melhora no potencial produtivo dos animais;
  • Desempenho melhor em expressar as bases genéticas de cada suíno;
  • Redução nas perdas e abates descarte;
  • Impacto econômico com a redução dos tratamentos de quadros patológicos;
  • Aumento na média de leitões nascidos vivos e viáveis após o parto;
  • Incremento na quantidade de leitões desmamados/fêmea/ano.

Como estabelecer o modelo ideal de vacinação para suínos

É fundamental ressaltar que, devido às divergentes realidades produtivas do Brasil, o calendário de vacinação apresentado nesse post tem caráter apenas ilustrativo. Isso se deve ao fato de que, em cada plantel produtivo de suínos serão adotadas medidas de controle específicas que se encaixem devidamente a cada situação apresentada.

Por exemplo, a vacina para a Peste Suína Clássica é obrigatória somente nos estados que são considerados zonas não livres da doença. No entanto, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) se compromete a acompanhar os casos de suínos que devem receber as vacinas.

Assim, considerando tanto a técnica conduzida como o cenário produtivo (clima, topografia, cultura do agronegócio, viabilidade de comércio e incentivos industriais de fomento a produções de suínos de alto nível), a cadeia produtiva brasileira de suínos não se desenvolve de forma homogênea.

Portanto, há uma variação de quais demandas profiláticas deverão ser aplicadas para os suínos em cada caso. Ou seja, não existe um modelo de vacinação ideal pré-definido para sua criação de suínos.

Por conta da alteração da manifestação e sazonalidade das doenças, o período de vacinação é mutável. Assim sendo, confira uma sugestão de programa de vacinação elaborado para que você consiga visualizar na prática como é feito um esquema profilático ideal:

Tabela de vacinação de suínos contendo os nomes das doenças, agentes etiológicos, idade dos animais, apresentação comercial, bem como a dosagem e o local de aplicação. O infográfico é uma sugestão de calendário de vacinação.
Tabela com sugestão de vacinas que podem compor o manejo de imunização em sua propriedade.

Objetivando esclarecer ainda mais a questão da vacinação, segue abaixo um breve detalhamento acerca de algumas das principais doenças que acometem os suínos.

Doenças de notificação imediata e vacinação obrigatória

Abaixo, vamos listar algumas das principais doenças que acometem a espécie suína e que se encontram em processo de controle e erradicação. Nesses casos, a notificação de qualquer novo caso suspeito é compulsória, devendo-se dar andamento de acordo com o protocolo estabelecido pelo governo federal.

  • Peste Suína Clássica;
  • Antraz (carbúnculo hemático);
  • Doença de Aujeszky;
  • Estomatite Vesicular;
  • Febre Aftosa;
  • Raiva.

Nesse contexto, conforme sugestão contida no calendário acima, detalharemos melhor alguns aspectos sobre a doença PSC, exclusiva dos suínos.

Peste Suína Clássica (PSC)

O agente causador da Peste Suína Clássica é um vírus altamente contagioso que infecta, inclusive, porcos selvagens. No entanto, não se trata de uma zoonose, ou seja, não representa perigo algum ao homem.

A doença afeta porcos em qualquer idade, apresentando alta taxa de mortalidade. Em sua fase aguda, os sintomas evoluem rapidamente, sendo alguns característicos, como: orelhas e narinas azuladas acompanhadas de febre alta, dificuldade de locomoção, tremores e convulsão, podendo levar à morte em poucos dias.

Em sua fase crônica, a PSC gera debilidade progressiva nos suínos, com relatos de abortos, morte fetal com mumificação e nascimento de leitões enfraquecidos.

O contágio ocorre por meio de animais infectados, ferramentas, locais de convívio, fezes, restos alimentares ou, até mesmo, por meio vetores como transporte e calçados contaminados.

Já o seu controle se dá por meio de cuidados com a limpeza, retirada de animais doentes, sistemas de quarentena associados às medidas de biossegurança, além de, claro, das vacinações planejadas.

Leitões amamentando em matriz em ambiente de pasto livre. Ao fundo, vegetação e casa de madeira.
Criações consideradas “caseiras” podem oferecer maior risco, tanto para controle de doenças como para instituir manejos preventivos acertados.

Leia também: Circovirose suína: por que o desafio é grande?

Algumas das doenças mais comuns entre os suínos

Entenda agora o curso e a evolução de algumas das principais doenças produtivas, a fim de facilitar o seu plano de cuidados. No entanto, é importante ressaltar que o apoio técnico de um médico veterinário durante esse processo continua sendo imprescindível.

Doença de glasser

Trata-se de uma doença causada pela bactéria Haemophilus parasuis (HPS), que é comumente encontrada no trato respiratório do suíno, levando à patologia quando associado a fatores de risco, como: alta lotação, amplitude térmica diária ou a presença concomitante do vírus da Influenza.

A doença de glasser geralmente afeta leitões com, aproximadamente, 7 semanas. É uma infecção que pode causar complicações no pericárdio, pleura, articulações e, algumas vezes, até nas meninges do animal. Normalmente, os sintomas se manifestam com febre alta, articulações inchadas e dificuldade de locomoção.

Trata-se de uma doença que, apesar de comum, possui alta taxa de mortalidade, chegando à 50%. No entanto, quando sobrevivem, esses animais se tornam refugo, não fazendo mais parte do rebanho de abate.

Pneumonia enzoótica

Presente no mundo todo, essa é uma das principais doenças respiratórias em suínos. Apesar da alta morbidade, a sua taxa de mortalidade é baixa, levando o animal ao sofrimento intenso e à queda de desempenho, contaminando os demais que não estiverem imunizados.

A vacina contra a pneumonia enzoótica é muito eficaz se administrada precocemente, antecedendo a exposição ao vírus. Além dela, algumas boas práticas também ajudam a manter afastada essa moléstia de sua granja. São elas:

  • Manter o local bem arejado, favorecendo a circulação ideal do ar;
  • Fluxo de ar em temperatura ideal, sempre que possível;
  • Manutenção adequada dos sanitários;
  • Sistema eficiente de isolamento de animais.
Leitão deitado apático próximo ao cocho.
Uma vez que a doença se instala, ocorre a imunodepressão, ou seja, uma queda brusca no sistema imunológico do suíno, resultando em extrema dificuldade respiratória e tosse prolongada.

Rotavírus

Doenças causadas por essa classe de vírus são largamente disseminadas pelo mundo e o Brasil não é uma exceção. Um dos seus principais sintomas é a diarreia, que gera muita preocupação aos criadores por sua elevada capacidade de levar suínos a óbito.

O rotavírus apresenta taxas de mortalidade significativas e, com isso, um aumento de gastos com remédios, tratamentos, isolamentos e o que mais seja necessário. Além da vacinação de matrizes, algumas medidas sanitárias rígidas ajudam a minimizar o risco da infecção por rotavírus:

  • Boa higiene nas instalações;
  • Evitar a flutuação de temperaturas;
  • Utilizar indumentárias e ferramentas descontaminadas durante o manejo dos animais;
  • Fornecer áreas de descanso confortáveis para os suínos;
  • Zelar pela limpeza e descontaminação do ambiente;
  • Considerar, sempre que necessário, a quarentena na propriedade.

Rinite Atrófica Progressiva (RAP)

É uma infecção multifatorial com sinergismo entre bactérias, e causa grande impacto negativo na criação, especialmente em leitões com 3 a 8 semanas de vida. A transmissão se dá por contato, principalmente da mãe com os filhotes, o que faz com que os leitões também se tornem disseminadores da doença.

Como resultado, há o comprometimento no desenvolvimento produtivo dos suínos, com atrofia dos tecidos nasais que resultam em focinhos deformados e complicações respiratórias importantes. Além disso, provoca, ainda, comprometimento no ganho de peso e na conversão alimentar, tornando os animais ainda mais imunossuprimidos.

Matriz, posicionada à frente, em baia de maternidade com dez leitões ao seu redor.
A estratégia de vacinação nesses casos é seguir o manejo adequado, já que o controle da doença é complexo e envolve também questões de limpeza e desinfecção constantes dos ambientes.

Programas de controle de doenças bem-sucedidos associados às vacinas para suínos

Conforme já mencionamos, não existe um programa de vacinação que possa ser recomendado para todas as granjas. Cada caso é um caso único. Com o auxílio do médico veterinário, é possível estabelecer o manejo ideal para sua realidade produtiva.

É de extrema importância que o programa de imunização seja elaborado com cautela, levando em consideração todas as peculiaridades da granja, região e raças suínas.

Animais bem tratados, principalmente com boa alimentação e nutrição balanceada, apresentam maior aptidão para a resposta vacinal. Respeitar o manejo e adotar a sequência de vacinas já aplicadas na granja onde os seus animais foram adquiridos constituem também atitudes conscientes.

Se os suínos apresentarem problemas de saúde durante o período de vacinação, como desnutrição ou algum acometimento gastrointestinal devido à sua má alimentação, a resposta imunológica positiva ficará prejudicada. Nesses casos, pode-se reduzir o efeito benéfico que a vacina pode proporcionar, resultando em perda de investimentos econômicos, inclusive.

O bem-estar animal associado ao planejamento na aplicação das vacinas garantem ao produtor a minimização de prejuízos ao seu plantel.

Leitão contido no colo para avaliação e e manutenção de registros vacinais. À esquerda, pessoa fazendo anotações.
O período de vacinação pode ser alterado de acordo com a manifestação e a sazonalidade das doenças. Por isso, é importante que o produtor observe atentamente e mantenha anotações sempre atualizadas.

Gostou deste artigo? Compartilhe nas suas redes sociais para que esse conhecimento alcance ainda mais pessoas!

Aproveite e acesse também: Vacinas obrigatórias para bovinos: calendário e boas práticas de manejo.

Related Post

Deixe uma resposta

Your email address will not be published. Required fields are marked *