Síndrome da vaca caída: o que é e como tratar

Síndrome da vaca caída: o que é e como tratar

Você sabe o que é a síndrome da vaca caída? Na verdade, este é o nome popular da Hipocalcemia, uma doença muito problemática que causa prejuízos à milhares de produtores de leite em todas as regiões do Brasil. Esta síndrome também pode ser conhecida como paralisia do parto e febre do leite.

Em suma, é uma enfermidade que ocorre nas vacas no momento do parto, caracterizada por deficiência de cálcio total ionizado (ou disponível) no sangue do animal, especialmente no pico de nascimento, ou seja, 48 horas antes do parto até 72 horas após o nascimento do bezerro. A vaca sofre um esgotamento físico e no quadro clínico não consegue se levantar.

Além disso, uma vaca com pouco cálcio no sangue tem queda de 14% na produção de leite e tem a sua vida reprodutiva reduzida em até quatro anos em relação as outras fêmeas sadias.

Tendo isso em vista, preparamos este artigo para abordar os detalhes sobre o que é a síndrome da vaca caída, seus sintomas, formas de tratamento e quais as medidas preventivas que são necessárias com o propósito de garantir a saúde desses animais. Confira!

Importância da produção de leite brasileira

O Brasil é o sexto maior produtor de leite do mundo, com um rebanho estimado, em 2020, em 16,1 milhões de vacas, segundo dados do IBGE. Embora a mesma estatística tenha apontado uma redução no rebanho na ordem de 0,8% (em relação a 2019), a produtividade cresceu 3%.

Esse crescimento ocorre principalmente graças as tecnologias adotadas pelos criadores brasileiros. Mas, aí que entra uma questão fundamental: a saúde e a nutrição dessas vacas.

Vacas em ordenha mecânica
Uma boa produção de leite está ligada diretamente à saúde e nutrição desses animais.

Os animais precisam ser constantemente monitorados, verificando as condições sanitárias e também necessitam de ajustes na nutrição de acordo com cada uma das fases da vida. Tudo isso com o objetivo de garantir a qualidade do leite e uma maior produtividade.

No período de lactação ocorre um aumento da produção de leite, que atinge seu pico entre 6 a 8 semanas após o parto. Porém, se o animal não estiver bem nutrido pode ocorrer a síndrome da vaca caída. Entenda o porquê abaixo.

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Por que ocorre a síndrome da vaca caída?

Conforme citamos, a vaca sofre uma mudança no seu metabolismo quando está prenha, principalmente quando o parto se aproxima, ocorrendo um aumento na produção leiteira.

Com o fim de compensar esse esforço da vaca, normalmente o criador aumenta a quantidade de alimentos oferecidos nos períodos pré e pós-parto, principalmente com altos níveis de proteína ou com carboidratos fermentáveis.

Síndrome da vaca caída: comportamento do animal
Com objetivo de diagnosticar a síndrome da vaca caída o criador precisa analisar o comportamento do animal.

Todavia, esse excesso nutricional pode prejudicar o organismo. Isso porque, nessa fase de transição, o cálcio precisa ser disponibilizado através do tecido ósseo e por meio da metabolização intestinal e renal. Isso só vai acontecer se o organismo entender uma carência de cálcio e estimular hormônios a captarem o cálcio já presente nas células ósseas.

Esse estímulo hormonal ocorre quando se identifica a falta, e não o excesso do cálcio na circulação sanguínea.

Portanto, para estimular a disponibilidade de cálcio e fósforo é preciso ir contra a homeostase da vaca e acidificar o meio, por meio de uma dieta com falta de cálcio absorvível, ou com dieta aniônica, iniciada nas três semanas pré-parto, sempre acompanhando os resultados por meio de análises do pH da urina das vacas, que vai estar ácido, entre 6,2 e 6,8.

Hipocalcemia clínica e subclínica

A ocorrência de hipocalcemia é muito comum em vacas recém-paridas. Existem dois tipos: a hipocalcemia clínica e subclínica.

Na hipocalcemia clínica, os sintomas mais comuns são: tremores musculares, dispneia, seguidos de decúbito esternal; cabeça voltada para o flanco e, em casos graves, perda de consciência evoluindo ao coma, com taxa de mortalidade que pode chegar a 70%.

Na hipocalcemia subclínica, por sua vez, os sintomas não aparecem clinicamente, porém as consequências também são preocupantes e ocorrem de forma secundária: diminuição do apetite, contrações musculares, baixa imunidade, redução na produção de leite, menor taxa de fertilidade, retenção da placenta e até mesmo a morte.

Consequências da síndrome da vaca caída nos animais
Na hipocalcemia subclínica, o animal apresenta problemas, como redução na produção de leite.

Enquanto a hipocalcemia clínica apresenta incidência abaixo de 3% entre as vacas, no caso da subclínica, essa taxa é bastante elevada, chegando muitas vezes a superar 50% das vacas recém-paridas.

Sendo assim, o criador precisa tomar muito cuidado com a alimentação antes e após o parto, controlando os níveis de cálcio e de fósforo nas vacas durante esse período que envolve o nascimento dos bezerros.

Estágios dessa doença

A síndrome da vaca caída apresenta três estágios que devem ser bem analisados por quem cuida desses animais:

  • A vaca apresenta uma redução nos movimentos, tem perda de apetite, uma ligeira excitação e sofre tremores musculares;
  • Em seguida, começa a ficar de peito deitado no chão, vira o pescoço para um dos lados e põe a cabeça voltada para barriga;
  • No terceiro estágio, bem mais grave, a vaca fica deitada de lado e apresenta uma flacidez completa em estado pré-coma.

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Como prevenir a síndrome da vaca caída?

Com as taxas de incidência dessa doença, o criador precisa adotar medidas preventivas para evitar prejuízos causados pela saúde comprometida ou até morte do animal.

Essas medidas preventivas envolvem monitorar a alimentação das vacas e adotar boas práticas de manejo que evitarão o estresse do gado. O manejo nutricional adequado deve começar entre 30 a 40 dias antes do parto e alguns cuidados no peri-parto, entre 48 horas antes e 48 horas após o parto.

Após o parto risco da síndrome da vaca caída
A síndrome da vaca caída é uma doença que pode ser evitada com o manejo correto da alimentação desses animais antes e após o parto.

Recomenda-se dietas com baixos níveis de cálcio no pré-parto e ao mesmo tempo altos níveis de fósforo na dieta nas vacas durante a gravidez. Além disso, o uso de vitamina D ou seus metabólitos, na última semana da gestação, também são importantes na prevenção dessa doença.

Estudos apontam ainda que dietas contendo mais enxofre e cloro, do que sódio e potássio, ajudam a evitar a síndrome da vaca caída.

O importante, acima de tudo, é consultar sempre um veterinário sobre como realizar a dieta desses animais durante o período de gestação e do pós-parto.

Como fazer o tratamento da síndrome da vaca caída?

Mas, se apesar das medidas preventivas adotadas uma ou mais vacas do seu rebanho apresentar os sintomas da síndrome da vaca caída, o que fazer?

Quando a vaca apresenta os sintomas, o criador precisa iniciar rapidamente o tratamento. No caso dos sintomas mais leves, são indicados suplementos de cálcio, bem como aumentar a oferta de alimentos com cálcio às vacas.

Se os sintomas forem graves, certamente é preciso fazer a reposição de cálcio, como gluconato de cálcio (na dose de 1g para cada 45Kg de peso vivo), pela veia, até que haja alívio do animal.

Mas, atenção: todo o diagnóstico e o tratamento devem ser feitos e supervisionados por um médico veterinário que irá avaliar previamente as condições clínicas do animal doente.

No vídeo abaixo, confira como tratar a síndrome da vaca caída:

Fonte: JA Saúde Animal.

Conclusão

Enfim, o criador precisa ficar atento aos sintomas da síndrome da vaca caída, adotar os procedimentos necessários visando a recuperação do animal doente e, acima de tudo, adotar medidas preventivas que irão evitar gastos desnecessários que podem comprometer toda a cadeia produtiva leiteira.

E então, esse artigo foi útil para você? Aproveite e acesse também o nosso post sobre 5 pontos para garantir a qualidade de vida dos cordeiros. Boa leitura!

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