Você conhece o que está envolvido na reprodução do gado e o que é necessário para o sucesso na sua propriedade? Trabalhar com criação de animais, em cadeia de produção, é uma atividade que envolve muito a prática e a lida diária. Assim, a receita de sucesso vai variar em cada propriedade e rebanho.
Dessa maneira, preparamos este artigo para explicar o que envolve a reprodução do gado, quais as opções de métodos de acasalamento, como monta natural e assistida, assim como o que está envolvido na inseminação artificial e na inseminação artificial em tempo fixo. Também abordaremos as diferenças e as vantagens de cada um desses procedimentos.
A partir desse conhecimento, você poderá escolher a melhor estratégia para seu rebanho. Confira!
O que a reprodução do gado envolve?
A reprodução do gado envolve a fisiologia para a concepção de um filhote, ou seja, toda a esfera que contempla o processo até o nascimento do bezerro. Sabendo que sem reprodução não existe produção, é vital que se conheça o que está envolvido nesse aspecto.
Então, primeiramente, é importante ter em mente que a maturidade sexual dos bovinos está diretamente relacionada às suas condições nutricionais.
Muitas vezes as crias não recebem o aleitamento ideal, e a partir da desmama passam a receber a oferta de forrageira em pastejo extensivo, nos piquetes de baixa qualidade, já que a categoria de bezerros é ainda improdutiva. Isso resulta em um desenvolvimento lento, o que interfere na precocidade sexual, levando a uma idade ao primeiro parto mais tardia.
No mesmo sentido, os intervalos entre partos muito prolongados também são fortes indicativos de um manejo reprodutivo com potencial de melhora, sendo necessário avaliar as vacas em anestro, ou com repetições de cio.
Portanto, para aumentar o número de nascimento de bezerros – que vai refletir em maior taxa de desfrute no caso de gado de corte e maior produção de leite pra criações de gado leiteiro – é vital oferecer condições básicas para a precocidade sexual e para o pré-parto e parto eficientes, seguidos de um período de serviço curto, de cerca de 75 a 85 dias, gerando intervalos de parto de 12 meses. Isso é com certeza a receita ideal para ter uma cadeia produtiva lucrativa.
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Reprodução com monta natural e assistida
Primeiramente, a intensificação do manejo reprodutivo traduz a eficiência dos períodos de trabalho bem determinados e bem conduzidos. Com isso em mente, podemos passar para os sistemas de acasalamento:
Monta natural
É um processo de fertilização em que os animais copulam livremente, sem a interferência humana. É uma opção que aproveita o estro natural das fêmeas e preferencialmente vai ocorrer dentro de um período de maior oferta de alimento a pasto, chamado de estação de monta.
No caso de grandes rebanhos, se faz necessária a adoção da estratégia de acasalamentos múltiplos, que consiste em dispor de alguns reprodutores provados, que ficam soltos e a disposição para realizar a cobertura do lote de fêmeas, de forma que vão identificar o cio e realizar consecutivas coberturas, o que elimina a necessidade de observar cio e conduzir o lote de fêmeas ao curral ou a um piquete com o touro. Por outro lado, é impossível o comparativo reprodutivo, já que a paternidade fica desconhecida.
Monta natural assistida
A monta controlada ocorre quando o reprodutor é mantido apartado do lote de fêmeas, e uma vez identificado estro, esse lote é levado para o touro realizar a cobertura, que geralmente ocorre uma vez só. Entretanto, casos de serviço pela manhã e a tarde apresentam sucesso maior na confirmação de prenhez.
Com esse manejo, o desgaste do macho é menor, e ele pode cobrir muitos lotes, sem grande necessidade de aporte. Uma vez que a identificação exata do cio é determinante, essa opção vai envolver mão de obra qualificada, além de ter que conduzir as fêmeas até o macho.
O mérito genético é um complicador quando se considera as montas naturais. Com um touro reprodutor provado, que imprime características genéticas, para que seja de fato constatado o melhoramento genético serão necessárias longas 10 gerações, ou seja, é possível imprimir de fato a característica desejada na linhagem desse touro melhorador apenas depois de 30 anos.
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Reprodução do gado utilizando tecnologias
Inseminação artificial – IA
A inseminação artificial é considerada uma ferramenta de tecnologia, onde a reprodução do gado é manipulada, ou seja, o homem introduz espermatozóides diretamente no sistema reprodutor das fêmeas. Não há necessidade de touro na propriedade, a menos que seja para o repasse das fêmeas que não emprenharam.
Através dessa tecnologia as características genéticas de maior interesse são impressas ao longo das gerações, e o rebanho passa a ser melhorado geneticamente de modo mais eficaz.
Por outro lado, a baixa taxa de detecção de cio torna esse procedimento pouco utilizado, uma vez que, assim como a monta controlada, exige mão de obra especializada, tanto para identificar o cio, como para apartar e conter a fêmea, e especialmente, para a execução da técnica de inseminar o sêmen eleito.
Inseminação artificial em tempo fixo – IATF
Em contrapartida e com uma ferramenta melhorada, temos a IATF, isto é, Inseminação Artificial em Tempo Fixo. Nada mais é do que a própria inseminação, mas sem depender do estro observado. Nesse caso, você vai utilizar protocolos hormonais e induzir o cio controlado, inclusive de um lote inteiro.
Esse método tem sido a opção mais lucrativa e inteligente, onde a necessidade de detecção de estro ou cio é dispensável, tornando a IATF apropriada para praticamente todas as fêmeas, onde os resultados serão sincronizados. Assim, as matrizes vão emprenhar em menor tempo, gerando eficiência econômica e reprodutiva.
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Fatores que impactam diretamente na reprodução do gado
Para os rebanhos leiteiros, quanto maior o desafio produtivo da fêmea, maior será o desafio reprodutivo e maior deve ser a atenção com o manejo nutricional. Além disso, leve em conta especialmente:
- conforto térmico;
- oferta de ambiente adequado;
- nutrição adequada e balanceada;
- reduzir ao máximo mastites;
- reduzir ao máximo problemas com cascos;
- potencializar a saúde das fêmeas;
- a genética*.
Em rebanhos de gado de corte, o desafio reprodutivo é maior na questão de precocidade e de conduzir os manejos visando facilitar os trabalhos, então:
- estabeleça estações de monta (independente do tipo de acasalamento escolhido);
- dedique atenção a disponibilidade e qualidade das pastagens;
- favoreça a precocidade, concentrando-se na nutrição adequada;
- mantenha o foco no plano para aumento na eficiência reprodutiva;
- faça esforços para aumentar o peso na desmama;
- reduza índices de mortalidade;
- observe a genética*.
*A questão genética é muito importante por que influencia no melhoramento das gerações seguintes, além do fato de que cada raça tem exigências e realidades diferentes. Por exemplo, os zebuínos têm gestações prolongadas em cerca de 10 a 15 dias, o que vai interferir diretamente nos períodos de serviço.
Portanto, caro leitor, não perca mais tempo e realize junto com seu apoio técnico um plano de reprodução bem definido, pois mirando na reprodução você certamente acerta em cheio no aumento da produtividade com maior lucro.
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