Na suinocultura industrial, o cuidado com todas as fases da vida dos suínos é de vital importância, especialmente com os leitões. Isso porque alguns vilões, como a circovirose, insistem em atormentar o criador.
Os prejuízos que esse vírus causa somam uma série de impactos aos investidores árduos da suinocultura industrial. Esses investidores estão concentrados na produção de suínos para comércio e abate, os quais movimentam o agronegócio, inclusive, a nível de exportação.
Os números nesse sentido são expressivos: mais de 25 milhões de cabeças abatidas só no primeiro semestre de 2021, gerando cerca de 1,2 bilhão de dólares de faturamento na exportação, segundo o IBGE.
Sendo assim, neste artigo abordaremos todos os detalhes acerca da circovirose e, mais do que isso, pontuaremos detalhadamente sobre os métodos de prevenção e como você pode implementá-los na sua rotina. Confira!
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Mas afinal, o que é a circovirose?
A circovirose origina-se do vírus PCV-2, também conhecido como Circovírus Suíno do tipo 2. Geralmente, está associado a outros microorganismos, que somados, refletem na síndrome. Portanto, outros agentes ou fatores devem estar presentes para o desenvolvimento e evolução dos sintomas.
Embora assombre a suinocultura de forma geral no Brasil todo, afeta principalmente a fase de creche dos leitões, levando a sérias perdas econômicas, além do comprometimento zootécnico importante.
Desse modo, esta enfermidade acabou se transformando em um dos principais desafios dos que atuam no segmento e, mais do que isso, se tornou um ponto de alerta que demanda a atenção de todos.
Com ataque direto ao sistema imunológico dos porcos, associado a múltiplos fatores, o PCV-2 raramente atinge os porcos mais velhos, que estão chegando ao estágio de terminação. Em contrapartida, é muito frequente em leitões de cinco a quinze semanas, sendo responsável por quadros de atraso significativo no crescimento, associados a refugagem.
A transmissão da circovirose ocorre horizontalmente e verticalmente, o que garante o contágio a partir do contato com suínos doentes, inclusive no aleitamento, por meio do colostro, mas também a partir de instalações, equipamentos, até por contato direto com pessoal contaminado. Todos esses fatores constituem fontes de infecção.
Desenvolvimento do quadro da circovirose
O pesadelo da falta de tratamento para a circovirose está intimamente relacionado ao fato do vírus atingir diretamente o sistema imunológico dos suínos, o que permite o desenvolvimento de quadros subclínicos e clínicos, inclusive em associação com outros agentes por baixa de imunidade.
É comum que a taxa de letalidade fique acima de 50%, o que pode acarretar uma série de prejuízos. Até lá, os animais doentes podem ou não apresentar sinais de alerta.
No quadro subclínico, é provável se notar apenas baixo desenvolvimento progressivo e refugo, com emagrecimento aparente.
Já no quadro clínico, além da perda de apetite, apatia e refugagem, o porco doente pode apresentar:
- Anemia – baixa contagem de células vermelhas ao exame;
- Palidez e/ou icterícia (coloração amarelada das mucosas);
- Aumento de linfonodos (ínguas);
- Respiração ofegante pela boca;
- Diarréia;
- Lesões de pele, especialmente nas extremidades das orelhas;
- Convulsões, desordens locomotoras;
- Menos frequentemente, abortos e até morte súbita.
Em síntese, você vai considerar a circovirose suína em casos de perdas com mortalidade observada acima do esperado, considerando o histórico de sua granja industrial, ou criação de suínos. Para isso, é fundamental o emprego de técnico qualificado que acompanhe e mantenha os dados zootécnicos em dia.
Infelizmente, os porcos que conseguem sobreviver ficam gravemente atrofiados, com pouca probabilidade de um desenvolvimento saudável ou qualidade de vida no futuro. Assim, o controle e o diagnóstico são medidas de extrema necessidade de viabilidade.
Como diagnosticar a circovirose?
Para o diagnóstico é fundamental que os refugos da sua criação sejam direcionados para a necropsia, e linfonodos, pulmões, rins e fígado sejam coletados para envio e análise posterior.
Além disso, enviar amostras de sangue sem anticoagulante ao laboratório veterinário, com identificação, para submeter a técnicas conhecidas como exame histopatológico, PCR e imunohistoquímica para a PVC-2.
Como ela afeta a suinocultura industrial?
O quadro sistêmico da circovirose é epizoótico, isto é, atinge vários animais de maneira simultânea, o que pode causar uma grave significância econômica para os envolvidos. Atualmente, já foram relatados casos em vários estados do Brasil, o que respalda a preocupação, sendo uma patologia altamente contagiosa e resistente às condições ambientais, podendo permanecer no ambiente por longos períodos.
Considerando sua alta incidência e a inexistência de um tratamento específico, o que muitos suinocultores têm feito é investir em paliativos que possam combater as infecções secundárias e, acima de tudo, focar em prevenção.
Dessa maneira, e com a atenção voltada para o controle na granja industrial, algumas medidas são indicadas, sempre associadas, tais como:
- Vazio e controle sanitário;
- Uso de desinfetantes a base de fenol, amônia quartenária e hidróxido de sódio;
- Oferecer ambiente confortável aos leitões;
- Evitar situações de estresse (que interferem no sistema imune);
- Evitar altas densidades populacionais;
- Medidas de higiene e sanitárias;
- Apartar os refugos dos sadios;
- Eliminação dos animais infectados.
Existe tratamento específico para a circovirose?
Tratamento não há. Cura também não, mas, segundo estudos, existe um protocolo vacinal que é bastante eficiente, e com certeza, eu te aconselho a adotar!
Atualmente, a vacinação das matrizes tem conferido imunidade aos leitões, e esta estratégia tem sido utilizada como um método de controle da infecção pelo PCV-2.
Além de vacinar as matrizes, em geral os produtores vacinam os leitões entre 3-4 semanas de vida, sempre entre os picos de queda de imunidade. Considerando o fato de existir mais de uma linha de vacinas, sendo elas com 1 aplicação ou 1 dose seguida de reforço, a depender do laboratório de fabricação, torna-se fundamental que cada granja defina seu melhor protocolo vacinal, de acordo com os desafios e a dinâmica de infecção ali presentes.
Afinal, a realidade é que a vacinação contínua conseguiu levar a uma redução na pressão de infecção. Um avanço e tanto!
Como colocar em prática na rotina
Inegavelmente, a circovirose é um pesadelo que pode te assustar. Contudo, colocar em base de dados todas as informações sobre sua criação, observar atentamente seus porcos, seja na fase de maternidade, creche, ou até terminação, certamente te garante maior controle sobre qualquer quadro patológico indesejado.
Então, em outras palavras, por mais medo que a circovirose suína cause, o poder do controle está em suas mãos. Certamente, contar com mais informações torna mais fácil garantir melhores resultados, tanto produtivos quanto econômicos.
E então, esse artigo foi útil para você? Aproveite e acesse também nosso post sobre a Síndrome da vaca caída: o que é e como tratar. Boa leitura!