Popularmente conhecida como verminose, a alta infestação por parasitas internos é uma situação bastante comum e compromete os resultados produtivos de qualquer criação, levando a prejuízos importantes.
Nesse aspecto, cabe ressaltar que a verminose pode inclusive comprometer a nossa saúde, através da contaminação dos alimentos que consumimos. Ou seja, quadros de verminose envolvem a saúde e o bem estar dos animais, a segurança do que consumimos, e ainda a questão econômica.
Sendo assim, neste artigo você vai entender quais são as principais verminoses que comprometem os rebanhos e os principais impactos produtivos. Também vamos abordar quatro principais dicas sobre os meios de controle e prevenção que você pode realizar. Confira!
Como identificar a verminose:
1 – Os principais parasitas
Para os bovinos:
- Helmintos: Nematódeos, Trematódeos, Cestódio, Acantocéfalos;
- Protozoários: Coccídio, Esporozoário sanguíneo, Ameba, Flagelado, Ciliado;
- Protozoários “diversos”: Blastocisto, Microsporídio, Micoplasma, Riquétsia, Pneumocystidomyceto.
Todos esses parasitas, sem exceção, vão coexistir com o hospedeiro. Eles passarão a dar prejuízos em casos de infestação desbalanceada, especialmente no que diz respeito à qualidade de vida e aos índices produtivos dos animais.
A predileção por determinados órgãos ou tecidos, assim como a necessidade de ter um hospedeiro intermediário, está totalmente relacionada ao tipo de parasita e ao seu ciclo de vida.
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2 – Os sinais nos animais
A infestação por parasitas, ou verminose, tem seu impacto maior no fato de ser uma doença silenciosa, sendo que ao relatar as mudanças ou prejuízos individuais, o criador já está relatando uma fase – muitas vezes crônica ou tardia – da doença.
Dessa maneira, conhecer melhor tudo que envolve as verminoses é imprescindível. Quanto maior a quantidade de informações, maior a chance de sucesso na hora de colocar em prática o seu calendário de controle e prevenção.
Após a infestação dos parasitas, os animais começam a apresentar menor energia e redução impactante da produtividade, com emagrecimento e fraqueza. Além disso, aos poucos vão diminuindo o apetite, ou desenvolvem apetite “depravado” (se alimentam de terra, ou madeira, por exemplo). Ainda dentre os sintomas, temos:
- mucosas pálidas ou amareladas;
- pelos arrepiados e sem brilho;
- tristeza;
- abdômen aumentado ou barriga alongada;
- diarreia;
- sintomas específicos relacionados ao órgão infestado (como vaginite, secreção nasal, etc).
3- Os sinais produtivos
Considerando o fato de ser uma doença com sinais subclínicos ou não evidentes, os prejuízos produtivos são, por outro lado, bem visíveis. Estima-se perdas de 30 a 60 kg/ano, o que influencia diretamente na precocidade reprodutiva das novilhas, refletindo em menor número de crias, na redução dos picos de leite e no abate tardio.
Nesse contexto, o tempo de pastoreio fica comprometido por conta da baixa energia, com isso o ganho de peso vivo é perdido em cerca de 19%, afetando os resultados produtivos e sanitários em geral, já que assim o indivíduo fica muito mais exposto a qualquer potencial complicação ou doença.
De fato, o impacto das perdas será tão expressivo quanto a dimensão dos rebanhos. Citando números, temos um prejuízo financeiro na casa de 7 bilhões de dólares, somente devido às perdas relacionadas a parasitas gastrointestinais de bovinos leiteiros e de corte, segundo último estudo publicado em 2014.
4 – Os sinais no ambiente
O sistema de criação que seu rebanho permanece influencia diretamente na maior ou menor infestação dos parasitas. Sistemas de criação extensivos, predominantemente a pasto, oferecem condições ideais para a vida dos parasitas, pois formam um microambiente quente e úmido. Dessa forma, realizam parte do ciclo de vida nas pastagens, garantindo novas infecções e reinfecções consecutivas de todo o rebanho.
Sabendo desse potencial risco, a rotação de pastagens é uma maneira de evitar as reinfecções por vermes, assim como optar por um capim mais alto, realizar o pastejo da área inicialmente com os animais adultos e em seguida os jovens, pastoreio rotacionado com outras espécies como os ovinos, por exemplo. Evitar altas taxas de lotação também contribui como medida de controle.
Veja abaixo outras dicas para diminuir o contágio da verminose no gado:
Ainda no mesmo sentido, focos de infecção importantes são os bebedouros, cochos e os currais. Por isso, mantenha atenção: oferecer sempre água limpa de qualidade, alimento em cocho limpo, sem acúmulo de sobras. Vale a pena investir também na limpeza mais pesada, evitando o acúmulo de esterco, visto que é um local onde os ovos das larvas costumam ficar.
É preciso considerar que os bezerros e animais recém introduzidos no rebanho têm menor resistência à contaminação. Assim, ao adquirir um novo animal e especialmente para os mais novos, evite colocá-lo junto aos demais logo de início. Outra dica interessante é separar os animais adultos dos jovens.
Controle e prevenção da verminose: dicas de ouro!
Agora que você já consegue identificar os parasitas principais, os sinais clínicos, prejuízos e os pontos de atenção no ambiente, vale a pena focar nas dicas a seguir:
- A prevenção não significa que seu rebanho vai estar totalmente livre da presença de parasitas, mas sim, do quadro clínico, isto é, da doença causada por alta infestação dos parasitas, a verminose;
- Para tratar a verminose, é preciso fazer a vermifugação, sendo o tratamento voltado inclusive para os animais que aparentam estar saudáveis;
- Aconselha-se iniciar esquema de diagnóstico em estágios iniciais. A identificação é feita por meio de exame realizado nas fezes do animal, buscando encontrar os ovos das larvas;
- Busque sempre orientação do seu veterinário para entender quais são os tratamentos e os esquemas mais indicados para sua produção (considerando os animais, o ambiente e o foco produtivo, já que alguns princípios apresentam resíduos na carne e leite e podem ser tóxicos);
- Cuidado com o pessoal – oriente cuidados básicos de higiene, como: evitar andar descalço pela fazenda, sempre lavar as mãos ao usar o banheiro ou entrar em contato com os animais (se possível utilizar luvas), manter as unhas sempre cortadas e limpas, entre outros cuidados básicos.
É possível eliminar a verminose do rebanho?
A eliminação completa das verminoses nos rebanhos brasileiros infelizmente não é possível, uma vez que os parasitas são comuns à todas as espécies, e ocupam o mesmo ambiente.
Dados produtivos da ordem dos nossos rebanhos, segundo a Pesquisa de Pecuária Municipal – IBGE para o ano de 2020, apontam mais de 218 milhões de cabeças de bovinos que estão distribuídas em terras brasileiras, território esse que favorece a intensa presença de parasitas internos e externos, devido ao clima tropical e subtropical.
Por conseguinte, o uso de ativos farmacêuticos têm resolvido consideravelmente o quadro de prejuízos. Por outro lado, o uso indiscriminado tem levado ao aumento de populações de parasitas resistentes.
Portanto, caro leitor, não tenha medo das verminoses. O controle no seu rebanho é sim possível, porém, é necessário apoio técnico para orientação acerca do melhor medicamento e melhor calendário de prevenção para sua propriedade.
E então, esse artigo foi útil para você? Aproveite e acesse também o nosso post sobre papilomatose bovina. Boa leitura!