Já ouviu falar do Ultrablack?
Essa raça de gado pura sintética – presente no Brasil somente há cerca de 5 anos – já ganhou o gosto do produtor, não só a nível de paladar, mas especialmente onde mais importa: no bolso.
Pecuaristas do Brasil todo estão cada vez mais preocupados em oferecer à mesa do consumidor alimentos de primeira qualidade, o que reflete não só no produto final, mas também em todo o processo de criação e produção dos rebanhos, inclusive considerando a raça a ser manejada.
Portanto, o que dizer sobre esse gado que está presente nos EUA desde 1996? O que essa raça, relativamente nova em terras brasileiras, tem a acrescentar? Quanto aos cruzamentos industriais, são mesmo efetivos e garantem bons resultados sempre? E quanto ao panorama atual dos criadores de Ultrablack? Tem perspectivas futuras?
Te convido a ler na íntegra esse artigo e entender melhor todos esses pontos. Confira!
O nascimento de uma nova raça – Ultrablack
Os cruzamentos industriais, atualmente muito considerados, vão apresentar sempre resultados palpáveis. Isso porque se trata de planejamento reprodutivo, com utilização de mistura de raças visando o melhoramento genético nas gerações futuras. Isto é, criar gerações melhores que seus pais através da reprodução assistida.
Por exemplo, a raça Aberdeen Angus – também conhecida apenas como Angus – de sangue europeu e ótimos resultados em clima temperado e frio, é excelente em produzir animais com bom acabamento de carcaça, precocidade e uma qualidade de carne muito apreciada.
Por outro lado, o sangue zebu tem conhecida rusticidade e boa adaptação ao cenário brasileiro, além de também contribuir com sua qualidade zootécnica, convertendo pastos em bom desenvolvimento e ganho de peso.
Para unir essas características de interesse, deu-se o cruzamento direcionado entre Angus e zebu, resultando no Brangus, que, por sua vez, cruzando com o Angus, deu origem à raça Ultrablack, com 81,25% de sangue europeu Angus e 18,75% de sangue zebu, além de reconhecida heterose, que promove características de ótima qualidade de carcaça e rusticidade.
Caracterizando a raça Ultrablack
Conforme definido anteriormente, a raça Ultrablack é resultado do Brangus com o Angus, o que garante maior parte de sangue europeu. Porém, embora seja menor a parcela de sangue zebuíno, a rusticidade presente nas linhagens é suficiente para garantir animais resistentes às temperaturas da região Sudeste e baixo Centro-Oeste do Brasil, e também aos parasitas, tanto internos quanto externos.
Nesse mesmo sentido, é bom destacar que os pais do Brangus escolhido para o cruzamento precisam ser reprodutores ou matrizes Angus de pelo curto e fino, acasalados com zebu de qualidade de carcaça. O resultado? Após uma geração dirigida, temos um Ultrablack ideal para nosso cenário brasileiro, com boa conformação de carcaça, qualidade de carne e rusticidade.
Veja abaixo, no vídeo da Associação Brasileira de Angus, mais características da raça Ultrablack:
Fonte: Associação Brasileira de Angus.
Função da raça no Brasil
Antes de mais nada, é fato que o produtor já consolidou o cruzamento mais que ideal entre zebu e Angus, aliando rusticidade e qualidade de carne, sejam dos machos, que seguem para o abate, sejam das fêmeas, que despontam em habilidade materna e precocidade. Sem falar na carcaça, que é de alta qualidade.
Porém, nesse caso, o pecuarista pode se perguntar: qual o acasalamento dirigido que mais se enquadra para essa fêmea meio sangue?
A melhor escolha, sem dúvida, é o cruzamento dessa fêmea com o Ultrablack. Considere comigo: se o cruzamento é com o zebu, o criador perde a certificação para o programa carne Angus, já que as linhagens serão 75% sangue zebuíno (3/4 zebu). Se optar em cruzar com Angus, vai pra 75% Angus, o que resulta especialmente em perda de rusticidade.
Entretanto, realizando o cruzamento dessa matriz 1/2 sangue Angus com o Ultrablack, o choque genético vai resultar em animais com 66% sangue Angus, de forma que, sendo macho ou fêmea, o abate é destino certo. Resultado disso? Ótima qualidade de carcaça e carne de excelência!
Portanto, pecuarista, eis a função do Ultrablack: além do papel importante de alcance no mercado de carnes de excelência, também se destaca a capacidade de produzir descendentes a partir das fêmeas 1/2 sangue Angus, seja através de inseminação artificial ou através da monta a campo.
Cabe ressaltar que é um gado com exigências nutricionais e produtivas naturais, tanto que, os resultados observados em criações extensivas a pasto, associada à oferta de núcleo mineral no cocho têm sido animadores.
Panorama atual e perspectivas da raça Ultrablack
O progresso da raça no Brasil é considerável e bastante promissor, tanto que, no ano de 2021, já houveram as primeiras doses de sêmen exportadas para nosso vizinho, o Paraguai. Para uma raça recente, com os primeiros registros em 2017, após 4 anos em média, já estar em fase de exportação, é realmente sinônimo de crescimento explícito.
Segundo o Superintendente de Registro Genealógico da raça Ultrablack, Mateus Pivato, atualmente existem 84 criadores com animais registrados na Associação Brasileira de Angus.
O ranking de concentração de animais coloca o Rio Grande do Sul em primeiro lugar. Em segundo lugar se encontra o estado de São Paulo, seguido de Santa Catarina, Paraná e Minas Gerais. A partir desse detalhamento, confirma-se a capacidade desse animal em se adaptar bem em climas mais quentes, como os presentes especialmente em SP e MG.
Ainda segundo Mateus Pivato, houve um crescimento de 35% nos registros da raça entre os anos de 2020 e 2021. Com toda a certeza, o potencial pecuário do nosso país é de produzir o melhor Ultrablack, inclusive a nível mundial.
Sendo assim, pecuarista, não perca a oportunidade e sinta-se convidado a participar do Leilão Bezerras de Futuro, da VPJ Pecuária, que será transmitido amanhã, 09 de abril, a partir das 13h, pelo MF Leilões. Serão ofertados os melhores animais das raças Angus, Brangus e Ultrablack, e o pré-lance fica disponível até o meio-dia. Aproveite!