Os rebanhos comerciais movimentam o agronegócio no Brasil. Segundo o IBGE, em 2020 a bovinocultura de leite gerou mais de 56 bilhões de reais, e em 2021, mais de 27 milhões de animais foram abatidos para produção de carne.
Para conseguir manter e até aumentar esses números de produção, a saúde do gado é um dos fatores principais a ser observado. Portanto, o destaque aqui vai pra uma doença que certamente quem lida com bovinos já se deparou: a papilomatose bovina.
Neste artigo, falaremos sobre o que é a papilomatose, suas características, transmissão, formas de tratamento e qual a melhor maneira de proteger seus animais dessa doença. Confira!
O que é a papilomatose bovina?
Também conhecida como verrucose, figueira, ou mesmo verruga, a papilomatose afeta o gado de corte e de leite em todas as fases de vida. Trata-se da infecção por um vírus de fácil replicação da família Papillomaviridae, gênero Papillomavirus.
Embora os sintomas só apareçam depois de algum tempo de contato, é uma doença de fácil identificação, caracterizada pela presença de papilomas, que podem formar tumores na pele e nas mucosas dos bovinos. Acomete mais os mais vulneráveis: bezerros, vacas recém-paridas e os animais mal nutridos.
Por ser uma enfermidade muito frequente, a prevenção é fundamental, assim como a rápida introdução do tratamento por parte dos veterinários e pecuaristas, evitando prejuízos maiores.
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Transmissão do vírus
No que diz respeito ao vírus – que é altamente contagioso – a transmissão pode ocorrer por contato direto entre os animais saudáveis e os que apresentam a papilomatose. Ademais, existem outras formas de contágio:
- contato com material contaminado, por exemplo, material cirúrgico de castração, de descorna, agulhas, seringas ou ordenhadeiras mecânicas;
- em manejo direto com os animais, entre o vaqueiro e o gado, caso os cuidados higiênicos e sanitários não sejam priorizados;
- através de vetores, como carrapatos ou moscas, pois estão em contato tanto com o gado saudável quanto com o doente;
- por meio do próprio ambiente, em arames farpados, paredes ou outras áreas de contato comum entre os bovinos.
Fatores que predispõem a papilomatose bovina
Vai comprar novos animais? Introduzir gado novo sempre é motivo de cuidado redobrado, especialmente para a papilomatose bovina, já que os sinais clínicos podem demorar até cerca de três meses para aparecerem de fato. Portanto, alguns fatores que predispõem a doença devem ser levados em consideração:
- Desnutrição: a questão imunológica é muito importante para essa doença, então a falta de nutrientes básicos leva a maiores chances de adoecer;
- Pastejo em solos deficientes em minerais, já que, forrageira cultivada em solo deficiente não supre a necessidade do rebanho que, precisa ser suplementado adequadamente;
- Outras enfermidades deixam os animais suscetíveis ao vírus, por isso é vital acompanhar de perto os mais novos, os recém introduzidos, as recém-paridas, enfim, os mais fragilizados;
- Animais de algumas raças europeias têm maior dificuldade de se adaptar à nossa condição climática, ficando imunossuprimidos;
- Touros reprodutores doentes podem replicar o vírus da papilomatose em todo o rebanho de forma silenciosa.
Impactos na produção bovina
As lesões causadas pelo vírus da papilomatose bovina tem tamanhos, cores e aspectos variados, com prejuízo tanto para o animal quanto para o produtor.
No gado de leite, as verrugas tendem a aparecer no úbere e tetos, dificultando a ordenha e diminuindo a produção de leite. A situação se agrava em lugares onde é utilizada a ordenha mecânica, o que espalha facilmente o vírus pelo rebanho.
Lembremos que o papiloma bovino não afeta apenas animais de leite, mas também de corte. Animais com infecção intensa ficam muito estressados e a tendência é de que percam peso, o que também os deixam propensos a outras doenças.
O couro perde em qualidade e, consequentemente, em valor, pelo aspecto desagradável das lesões. Aliás, muitos frigoríficos sequer aceitam esses animais para abate. Inclusive na comercialização do boi vivo, a perda financeira é bem considerável.
Para quem participa de exposições é ainda mais importante manter os animais protegidos, pois bovinos contaminados não são aceitos, inclusive pelo caráter contagioso.
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Como tratar e prevenir a papilomatose bovina?
Existem alguns métodos para o tratamento da papilomatose bovina, como vacinas autógenas e medicamentos, além da possibilidade de remoção cirúrgica em casos mais graves. Também há a alternativa de hemoterapia, sempre em associação a mudanças no manejo nutricional e aumento da resposta imune.
Além disso, estudos já determinaram o impacto que os minerais cobre e selênio exercem diretamente na imunidade dos animais. Dessa forma, é vital certificar-se que a suplementação mineral está correta.
Porém, como existe a possibilidade de mutação do vírus, nenhum desses tratamentos é 100% eficaz, o que significa que o melhor manejo é mesmo a prevenção, com atenção especial em manter o rebanho bem nutrido, com a imunidade alta, sempre atentos a qualquer sinal de estresse ou de início dos sinais clínicos.
Dada a facilidade de contágio, a prevenção deve passar obrigatoriamente por boas práticas higiênicas e sanitárias, pela desinfecção dos equipamentos e pela correta utilização de produtos sanitários e profiláticos, como seringas e agulhas. Mantendo a propriedade, os ambientes e materiais limpos e livres do vírus, é possível evitar a contaminação geral.
Além disso, aconselha-se a quarentena sempre que novos animais chegarem, ou que for iniciado o tratamento em vacas e bois individualmente. Esse processo nada mais é do que colocar os animais novos ou doentes em local totalmente apartado ou separado dos demais, por todo o tratamento ou cerca de 90 dias para os recém chegados.
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